Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Temer tenta justificar aumento do patrimônio em um novo escândalo

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Domingo, 08 de Outubro de 2017 às 12:16, por: CdB

Compra de terrenos em condomínio de alto luxo no interior paulista faz eclodir mais um escândalo para Michel Temer.

 

Por Redação - de Brasília e São Paulo

 

Uma vez revelada a compra de dois terrenos em um condomínio de luxo em Itu, interior do Estado de São Paulo, o presidente de facto, Michel Temer (PMDB), precisou vir a público, mais uma vez, na tentativa de explicar outra coincidência. O Palácio do Planalto divulgou nota, neste domingo, na qual o peemedebista nega que R$ 1 milhão, supostamente recebido de propina do Grupo JBS, tenha sido aplicado no aumento do patrimônio imobiliário. Segundo o Planalto, a compra dos imóveis “foi legal”. Afirma, ainda, que há compatibilidade entre a evolução patrimonial e a renda do mandatário.

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Temer e Yunes declaram-se amigos de longa data e dividem um histórico de negócios suspeitos

O fato, no entanto, ganhou as páginas da mídia internacional e, mais uma vez, a imagem do Brasil sai arranhada. Segundo o jornal espanhol El País, os executivos da JBS revelaram em suas delações premiadas que, no dia 2 de setembro de 2014, foi feito um pagamento de R$ 1 milhão ao coronel aposentado João Batista Lima Filho. Trata-se do amigo de longa data e parceiro comercial de Michel Temer. Ele é apontado pelos delatores como o operador dos negócios sujos de Temer.

Assessor suspeito

Nem 24 horas depois de receber a propina, segundo os investigadores, a Tabapuã Investimentos e Participações, empresa da qual Temer é um dos principais sócios, comprou dois terrenos no condomínio Terras de São José II. O valor da compra dos imóveis foi de R$ 380 mil e R$ 334 mil, respectivamente.

Ainda segundo a reportagem o El País Temer teria autorizado que o advogado José Yunes, em 2013, controlasse e movimentasse as contas da empresa. Yunes foi assessor especial da Presidência. Ele ficou no cargo até que seu nome fosse nome citado nas delações de executivos da Odebrecht.

Ainda segundo a nota do Planalto, a compra dos terrenos foram “transações registradas em cartório, declaradas no imposto de renda”.

“São lícitas, não restando nenhuma dúvida sobre a legalidade da compra dos terrenos pelo presidente”, continuou. 

Haveria, no entanto, mais conexões perigosas nestas operações imobiliárias do que se presume, segundo o jornalista Luis Nassif, editor do site de notícias GGN. Ele publica, neste domingo, um detalhado relato das operações financeiras entre Temer e o empresário José Yunes.

Yunes e companhia

Segundo Nassif, “o melhor amigo do presidente, José Yunes,  participava dos processos de arrecadação de propinas das empresas investigadas pela Lava Jato”. E acrescenta:

“De certo modo, é o caso de José Serra, conforme esmiuçado por Amaury Ribeiro Jr no livro A privataria tucana. O fundo de investimentos de sua filha Verônica acumulou um patrimônio significativo. Em pelo menos um caso, sabe-se que foi utilizado para troca de favores com empresas”.

“Foi o caso da Serasa Experian, que, no final do mandato de Serra como governador de São Paulo, ganhou de graça o Cadin estadual (Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Estaduais). Assim que Serra deixou o governo, Verônica intermediou para a Serasa-Experian a venda de um site de e-mail marketing, a Virid. Na época, o mercado avaliava o preço em no máximo R$ 30 milhões. A Experian pagou R$ 104 milhões. A empresa de capital aberto na Bolsa de Londres manteve o valor da transação em sigilo. Para todos os efeitos, foi um lucro legalizado do fundo de investimentos de Verônica”, detalha.

“Sérgio Machado tinha investimentos no exterior, através de um filho que era alto funcionário do Credit Suisse – e, ao que consta, foi sacrificado pela gula do pai e do irmão político. Portanto, há uma probabilidade de que as empresas de Yunes possam ter servido para abrigar recursos políticos captados por Temer”, deduz.

Banco Pine

Ainda segundo Nassif, “as empresas de Yunes tinham financiamento farto com o Banco Pine, da família Pinheiro, que tem um dos irmãos envolvido com os escândalos da Lava Jato, fechado nos Estados Unidos por acusação de lavagem de dinheiro e, há duas semanas, fechado tambem no Panamá”.

“Em julho passado, a Lava Jato já tinha batido no FPB através da Operação Caça-Fantasmas, da 32a fase. Identificou o FPB Banc Inc – àquela altura, um banco panamenho, o PKB da Suiça e o Carregosa, de Portugal, suspeitos de montarem representações clandestinas para clientes interessados em abrir contas em paraísos fiscais. Outro nome que apareceu no FPB foi o de Eduardo Rosa Pinheiro, também a família Pinheiro”, revela.

Incorporadora

Nassif, em seu artigo, lembra que “Temer, com grandes investimentos em projetos da Yuny, a incorporadora da família Yunes, convida o patriarca José Yunes para assessor especial.. Dificilmente toda essa movimentação passaria despercebida pela Lava Jato, ainda mais depois de invadir os escritórios da Mossak Fonseca e ter identificado o papel do Pine Bank”.

A principal empresa do grupo é a Yuny. “Trata-se de uma grande incorporadora criada em 1996. Em 2007 recebeu aporte de R$ 700 milhões do Golden Tree Insite Partners. Pode ser coincidência de nomes, mas há uma Golden Tree Insite Partners no Reino Unido. Em 2010 foi declarada insolvente”, afirma.

“Mais tarde, a VR tornou-se sócia da Yuny. Hoje em dia, do Conselho participam Abraham  Szajman e Ury Rabinowitz. Este último, alto funcionário da Brasil Telecom nos tempos de Daniel Dantas; em princípio significa apenas que é um executivo requisitado. Depois, montou uma joint-venture com a Econ Construtora, a Atua Construtora, para imóveis de baixa renda. No grupo, há outras empresas menos transparentes. Uma delas é a Stargate do Brasil Estética de Produtos e Serviços”, conclui.

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