O suspeito de envolvimento na morte da freira norte-americana Dorothy Stang preso no domingo, no Pará, declarou-se culpado, segundo a polícia, que anunciou ter sido decretado segredo de Justiça no caso do assassinato.
Rayfran das Neves Sales, suspeito de ser o executor do crime, assumiu ser culpado pelo assassinato da missionária de 73 anos em Anapu, no dia 12 de fevereiro, durante depoimento nesta segunda, em Altamira.
"Ele confirma desde ontem (domingo) que matou a freira", informou à Reuters o diretor-geral da Polícia Civil do Pará, Luiz Fernandes. Ao ser perguntado se Rayfran teria divulgado o nome de outros envolvidos, o delegado disse que não estava autorizado a falar.
O delegado Waldir Freire, que interrogou o acusado nesta segunda-feira, não forneceu mais detalhes e afirmou que "a Polícia Civil foi determinada pela Justiça a não mais se manifestar sobre o assunto". "É bom, porque ajuda a polícia a trabalhar com mais agilidade", disse Freire à Reuters por telefone.
Depois de depoimento, que durou cerca de cinco horas na Superintendência da Polícia Civil, Rayfran foi levado para a Polícia Federal, onde foi ouvido pelo delegado Walame Fialho.
Rayfran das Neves Sales foi detido na noite do domingo, após ser reconhecido por um motoqueiro na região da rodovia Transamazônica, em uma operação das Polícias Civil e Militar, com apoio do Exército. O motoqueiro teria achado Rayfran parecido com alguém que participou do crime contra a religiosa. A prisão foi feita a 35 km de Anapu, local do assassinato.
Autoridades já indiciaram o capataz Amair Feijoli da Cunha, também suspeito de envolvimento na morte. Ele foi indiciado pela Polícia Civil e Federal no Estado, acusado de homicídio qualificado por co-autoria na morte da religiosa.
Na tarde de domingo, Feijoli foi levado para prestar depoimento na delegacia da Polícia Federal de Altamira e depois retornou para o Centro de Recuperação Regional da cidade, onde está preso sob custódia do Sistema Penal do Pará desde sábado.
Outros dois suspeitos ainda estão foragidos.
O procurador-chefe do Ministério Público Federal do Pará, Ubiratan Cazzeta, disse que não considera o caso esclarecido apesar das duas prisões e identificações de quatro suspeitos.
"Em prol da verdade é bom desconfiar, vamos aguardar mais elementos." Ele afirmou ainda que a decretação de segredo de Justiça pode contribuir para o esclarecimento do caso.
"Sigilo não serve para proteger os criminosos e sim as investigações. Se for usado corretamente, ajuda nos trabalhos".
A morte da missionária naturalizada brasileira e de pelo menos outras três pessoas, entre elas o ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Parauapebas, mobilizou cerca de 3.000 homens do Exército para a região e antecipou um pacote ambiental assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quinta-feira.