O sub-relator de sistematização da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Sanguessugas, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que entrega nesta segunda-feira, ao relator da Comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), o sub-relatório que fez durante o fim de semana. O deputado destacou que a partir da tarde desta segunda-feira, dois computadores foram disponibilizados para o acesso dos integrantes da comissão às informações dos 90 parlamentares investigados por suposto envolvimento no esquema de venda superfaturada de ambulâncias.
Segundo o deputado, garantir o sigilo das informações, os computadores não serão conectados a impressoras nem terão acesso à internet.
- Não haverá impressora e também nenhum programa que permita alterações para que os 32 deputados da CPI possam acessar as informações. Isso é por precaução minha - disse.
Carlos Sampaio revelou que os nomes dos 90 parlamentares supostamente envolvidos no esquema estão divididos em quatro categorias.O primeiro grupo contém documentos e provas "quase que incontestáveis" contra os parlamentares. São aqueles parlamentares que receberam dinheiro da Planam (empresa acusada de liderar o esquema) na própria conta bancária ou nas contas de assessores ou familiares.
O segundo grupo é o que "contém provas robustas" contra os parlamentares. São aqueles que receberam dinheiro em espécie.
- E existem outros depoimentos que dão credibilidade ao depoimento de Vedoim (dono da Planam), como o livro caixa da empresa e o depoimento de Maria da Penha Lino (ex-assessora do Ministério da Saúde) - disse o deputado.
O terceiro grupo é formado por parlamentares que foram mencionados em depoimentos e "talvez o relator recomende diligências da Corregedoria para as providências cabíveis". O quarto grupo é formado por aqueles parlamentares contra os quais nada ficou comprovado.
- São parlamentares que foram referidos, mas não há nada de concreto - afirmou Carlos Sampaio.
O deputado disse também que as informações divulgadas pela imprensa de que entre 70 e 80 deputados efetivamente estejam envolvidos no esquema "têm muito a ver com a realidade", mas não quis confirmar o número exato de envolvidos.
Na berlinda
Relator da CPMI das Sanguessugas, o senador Amir Lando (PMDB-RO), decidiu estender as investigações da comissão ao Executivo. Ele divulgou nesta segunda-feira, a sua intenção de convocar os ex-ministros e assessores da pasta envolvidos na máfia das ambulâncias. Ele pretende criar uma sub-relatoria para detalhar o assunto e caberá ao parlamentar indicado a tarefa de dirigir as investigações e definir quais os ex-ministros a ser convocados. A sub-relatoria deverá investigar, ainda, a atuação dos mafiosos nos ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia.
A decisão do relator, no entanto, abriu dissidências na CPMI. Os oposicionistas reagiram e buscam restringir os depoimentos aos ex-ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva: Saraiva Felipe (PMDB-MG) e Humberto Costa (PT-PE). Já os governistas querem convocar também o ex-ministro José Serra, candidato do PSDB ao governo de São Paulo.
- Eu entendo que essa sub-relatoria terá ampla competência para ouvir todos os implicados - disse Lando a jornalistas, embora tenha preferido não definir quem serão os convocados.
O relator aproveitou o encontro com jornalistas para negar as acusações publicadas pela revista Veja, na edição deste fim de semana. A publicação traz uma nota na qual acusa o relator da CPMI de negociar com o governo a indicação de correligionários para cargos públicos e apoio para sua candidatura ao governo de Rondônia, em troca de uma posição mais flexível na condução das investigações em curso na CPMI das Sanguessugas.
- É uma ignonímia, uma insolência, é algo que não se pode comentar. Essa injúria, essa difamação só pode sair de uma mente doente - criticou.
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