A presidente do Sri Lanka, Chandrika Kumaratunga, declarou nesta quarta-feira estado de emergência no país em meio à crise política em seu governo.
O anúncio foi feito um dia após a demissão de três ministros, a suspensão do Parlamento e o envio de tropas militares às ruas.
Kumaratunga acusa o governo do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe de fazer muitas concessões ao grupo rebelde Tigres Tâmeis, o que ameaçaria a segurança nacional. No entanto, ela insiste que o acordo de cessar-fogo não está suspenso.
A correspondente da BBC em Colombo, capital do Sri Lanka, Anna Porter, informa que os detalhes sobre a declaração do estado de emergência ainda não estão claros.
Segundo a repórter, a última vez que tal medida foi tomada, antes do acordo de cessar-fogo há 20 meses, o sistema de segurança foi reforçado. Casas e pessoas eram revistadas, e viagens só eram feitas com autorização.
Separatismo
O porta-voz da Presidência, Lakshman Kadirgamar, disse que Kumaratunga "não tem intenção de provocar o retorno das hostilidades".
"A presidente pediu que eu declarasse que o acordo de cessar-fogo continuará valendo. Não há dúvidas sobre isso", disse o oficial.
O primeiro acordo de cessar-fogo foi anunciado em dezembro de 2001.
O grupo rebelde Tigres Tâmeis luta pela separação de um Estado para os tâmeis, que vivem no norte e no leste do Sri Lanka. Eles se dizem discriminados pelos cingaleses, que são maioria na população.
Com o avanço do processo de paz, o grupo desistiu de pedir a independência e disse que buscaria apenas a autonomia da região, plano que causou divisão no governo.
Kumaratunga é uma grande crítica do plano de paz, comandado por seu rival político, o primeiro-ministro Ranil Wickramasinghe, a quem acusa de estar comprometendo a segurança nacional.
Analistas dizem que Wickramasinghe terá que conseguir maior apoio entre os militares no país e aliados internacionais para dar continuidade ao processo de paz.