Soldados da ONU estão pagando para ter sexo com meninas de até oito anos de idade com dinheiro ou itens de necessidade básica, segundo uma denúncia da ONG britânica Save the Children. Além de capacetes azuis, há agentes humanitários e empresários locais que participam dos abusos, diz um relatório da organização publicado nesta segunda-feira. Segundo a Save the Children, o fato de acusações semelhantes já terem sido feitas envolvendo a própria Libéria e países como a República Democrática do Congo não aumentou a segurança das crianças.
"Apesar dos compromissos feitos em 2002 por ONGs, ONU e tropas de paz para melhorar o monitoramento mundial de recrutamento e comportamento dos funcionários, crianças vulneráveis ainda estão trocando sexo por necessidades básicas e indivíduos abastados regularmente compram sexo com menores", diz o relatório.
'Poder'
O estudo foi baseado em entrevistas com crianças e adultos feitas em acampamentos temporários construídos para abrigar pessoas que abandonaram as suas casas para fugir da violência gerada por duas guerras civis no país. "Durante o estudo na Libéria as crianças e membros da comunidade consistentemente relataram que uma grande proporção de meninas nos seus campos estavam sendo exploradas por adultos em posições de poder", diz a Save The Children.
A entidade defende que "homens que usam posições de poder para se aproveitar de crianças vulneráveis" sejam denunciados e demitidos e que seja dado mais apoio às famílias para que possam garantir sua sobrevivência sem desespero. A Save the Children também faz um apelo à nova presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, para tomar medidas contra a exploração sexual de crianças.