O alto representante da Política Externa e de Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, assegurou, nesta sexta-feira, que as tensões com o Irã por seu programa de enriquecimento de urânio não se resolvem com bombardeios, mas por meio da política e do diálogo.
Solana fez estas declarações durante seu discurso na 22ª Reunião do Círculo de Economia, que reúne empresários na localidade de Sitges, na província de Barcelona.
O alto representante da UE considerou que o Irã tem em seu bolso a carta nuclear, a carta iraquiana, a carta de passar dinheiro ao Hamas e a carta do Afeganistão.
- Tem no bolso tal quantidade de cartas que se transforma em uma potência de primeira ordem - afirmou o também secretário do Conselho da União Européia, antes de definir os líderes iranianos como "extravagantes".
- Pela primeira vez na história, o Irã, país que não é árabe nem sunita, lidera a região do Oriente Médio, o que está gerando tensões na área - destacou .
Quanto à posição dos EUA, Solada disse que é "surpreendente" que "a primeira potência mundial leve 20 anos sem manter relações diplomáticas" com o Irã.
Sobre o desenvolvimento civil da energia nuclear, disse que "é preciso voltar a pensar seriamente" nisso, já que "fechar as portas à energia nuclear não é uma opção inteligente".
Neste sentido, defendeu que se "volte a abrir o debate nuclear", mas "com bom senso e responsabilidade", em alusão a problemas como o enriquecimento de urânio com fins militares, a segurança dos reatores e a gestão dos resíduos, cuja vida se prolonga durante séculos, lembrou.
- Teremos que conviver com movimentos islâmicos radicais, como teremos que fazê-lo com Hamas - disse Solana.
Neste contexto, o objetivo, de acordo com Solana, consiste em "evitar o chamado choque de civilizações", aludindo também aos 13 milhões de muçulmanos que residem na União Européia.
Solana diz que crise com Irã não se resolve com bombardeios
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Sexta, 26 de Maio de 2006 às 08:19, por: CdB