Sobreviventes e familiares de vítimas da repressão à guerrilha do Araguaia comemoraram nesta quarta-feira a decisão da sexta turma do Tribunal Regional Federal da 1ª região. Por maioria - dois votos a um - os desembargadores federais desconsideraram o pedido de recurso da Advocacia Geral da União (AGU) e endossaram decisão anterior que determinava a abertura dos arquivos referentes à morte e desaparecimento de integrantes do movimento de resistência política na região do Araguaia.
"Foi um avanço, uma decisão importante, mas que por si só não define tudo. É preciso que o Judiciário intime e imponha condições para que essa abertura seja realizada", alerta Danilo Carneiro, um dos primeiro integrantes a guerrilha a ser preso. De acordo com ele, os militares possuem documentos que podem indicar os locais e as circunstâncias das mortes. "Eles têm registro de tudo. Na prisão, matavam as pessoas e nos mostravam as fotos."
Sobrevivente e parente de vítimas da repressão à guerrilha, Criméia Almeida avaliou a decisão judicial desta segunda-feira como um avanço. "Estou muito satisfeita com a sentença. Foi um avanço, principalmente diante da medida inesperada e deplorável da AGU", desabafou a ex-guerrilheira, logo após o encerramento da audiência. Criméia perdeu companheiro sogro e cunhado no Araguaia. "Se os arquivos não forem abertos, onde vamos procurar nossos familiares? A abertura e os depoimentos de militares é essencial para essa localização".