As autoridades espanholas anunciaram na segunda-feira a prisão de um novo suspeito pelos atentados contra os trens de Madri, no mesmo dia em que uma carta atribuída à Al Qaeda ameaça cometer ataques que vão ``fazer o sangue correr como rios'' na Espanha.
No fim de semana, soldados e policiais cercaram um apartamento nos arredores de Madri onde supostamente se escondiam militantes que participaram do ataque. Acuado, o grupo preferiu provocar uma explosão a se render, o que matou entre quatro e seis dos militantes. Um policial também morreu no incidente.
``Pode haver uma série de atentados na Semana Santa, provavelmente a partir do fim de semana'', disse uma fonte próxima à investigação, acrescentando que a polícia ainda não sabe quantos explosivos permanecem nas mãos dos militantes.
Os investigadores também analisam uma carta recebida pelo jornal ABC, no qual a rede Al Qaeda ameaça cometer novos atentados se a Espanha não retirar suas tropas do Iraque e do Afeganistão.
``Se nossas exigências não forem satisfeitas, declararemos guerra e vamos jurar pelo todo-poderoso que transformaremos seu país em um inferno, e vamos fazer o sangue correr como rios'', disse a carta, segundo tradução para o espanhol feita pelo ABC.
``Em princípio, esta carta recebeu alguma credibilidade, embora a análise ainda não esteja completa'', disse um porta-voz do Ministério do Interior. ``Acreditamos que ela tenha sido enviada por pessoas diretamente envolvidas nos recentes incidentes.''
A carta assumia responsabilidade pelos atentados de 11 de março, que mataram 191 pessoas, e também pela frustrada explosão na linha do trem que liga Madri a Sevilha, na semana passada. O texto afirma que a trégua com a Espanha terminou ao meio-dia de domingo.
RETIRADA DAS TROPAS
Na segunda-feira, milhares de pessoas fizeram uma passeata em Leganés, o subúrbio onde ocorreu o cerco policial, para protestar contra o terrorismo. A multidão pediu a retirada das tropas espanholas do Iraque. ``Basta de sangue por petróleo'', dizia um cartaz.
A nova prisão aconteceu no sábado em Ceuta, cidade espanhola encravada no Marrocos, segundo fontes judiciais. Inicialmente, uma autoridade falou em duas prisões, mas um dos suspeitos foi liberado mais tarde. Agora, há 16 supostos militantes sob custódia.
Na segunda-feira, pela primeira vez a polícia patrulhou o metrô de Madri, serviço normalmente a cargo de empresas particulares de segurança. ``Garantir a segurança do transporte público é uma prioridade absoluta neste momento,'' disse o prefeito Alberto Ruiz-Gallardón.
O Ministério do Interior confirmou na segunda-feira que Hamal Ahmidan, que na semana passada teve uma ordem de prisão decretada por sua suposta participação no ataque, está entre os mortos de sábado em Leganés. Dois outros já foram identificados, inclusive o suposto líder do grupo, conhecido como ``O Tunisiano.''
Mohammed Salah, diretor de uma entidade cultural marroquina, disse que a comunidade muçulmana sente cada vez mais uma mistura de medo e vergonha, sem poder confiar nem mesmo nos vizinhos. ``O Tunisiano costumava vir aqui às vezes, mas nunca notei nada de diferente nele,'' afirmou Salah.