O Ministério das Relações Exteriores da Síria enviou nesta segunda-feira um protesto oficial ao Conselho de Segurança da ONU pelos ataques aéreos da coalizão liderada pelos EUA a instalações do Exército sírio em Deir ez-Zor, noticiou a agência SANA.
– A Síria condena veementemente o ato de agressão pela coalizão liderada pelos EUA, que contradiz a Carta das Nações Unidas sobre seus objetivos e princípios. O Ministério das Relações Exteriores enviou cartas ao Secretário-Geral da ONU e ao Conselho de Segurança das Nações Unidas – relatou a pasta em nota.
Ataques aéreos liderados pelos EUA a um quartel do Exército sírio mostram que a coalizão internacional não é séria e sincera em sua luta contra o terrorismo, disse o Ministério das Relações Exteriores sírio.
De acordo com a chancelaria síria, quatro aeronaves da coalizão lançaram nove mísseis em instalações do Exército na noite de domingo, matando pelo quatro soldados e ferindo outros 13, segundo informou o diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahmane. O ataque aéreo também destruiu três veículos blindados, quatro veículos militares, duas metralhadoras e um depósito de munição.
Ataques britânicos
Os ataques aéreos realizados pelo Reino Unido contra o Daesh (também conhecido como Estado Islâmico) na Síria são "ilegais" e constituem "um apoio ao terrorismo", segundo disse o presidente sírio, Bashar Assad, em entrevista ao Sunday Times no domigo. Por outro lado, ele elogiou a intervenção dos russos, que "compreenderam bem" a questão.
– Será prejudicial e ilegal, e será um apoio ao terrorismo – disse Assad, em referência aos bombardeios autorizados pelo parlamento britânico na última quarta-feira.
– Não se pode derrotar (o Daesh) somente com bombardeios aéreos. Não se pode derrotá-lo sem cooperar com tropas em terra. Não se pode derrotar se não tiver a aprovação do povo e do governo sírios – reiterou o chefe de Estado.
Assad também questionou a veracidade das declarações do premiê britânico, David Cameron, a respeito dos "70 mil combatentes sírios moderados" sobre os quais a coalizão internacional liderada pels EUA poderia se apoiar em terra para combater o grupo terrorista.
– Onde estão? Onde estão os 70 mil moderados de quem falam? Não há 70 mil. Não há 7 mil – afirmou.
Por outro lado, o presidente sírio voltou a elogiar a intervenção russa na Síria, que corresponde ao direito internacional na medida em que foi iniciada em 30 de setembro após um pedido oficial de Damasco.
– Quantas células extremistas existem agora na Europa? Quantos extremistas vocês exportaram da Europa para a Síria? O risco é a incubadora. Os russos compreenderam bem. Querem proteger a Síria, o Iraque, a região e inclusive a Europa. Não estou exagerando se digo que hoje protegem a Europa – disse ele.
Questionado sobre uma possível operação terrestre por parte das tropas russas, Assad afirmou que "o tema ainda não foi debatido", mas disse acreditar não ser necessário, por enquanto, "porque as coisas estão evoluindo bem".
O líder sírio ressaltou, porém, que a cooperação com os países ocidentais seria bem vinda se eles "realmente estiverem dispostos a nos ajudar a combater o terrorismo".