Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

'Sin city - A cidade do pecado' estréia nesta sexta-feira

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Quinta, 28 de Julho de 2005 às 11:35, por: CdB

<i>Sin city - A cidade do pecado</i>, estréia da sexta-feira, é cinema noir ao quadrado. Imagine um cruzamento da ficção perversa de Jim Thompson e Cornell Woolrich com a arte fetichista-sadomasoquista e a prosa de <i>Pulp fiction</i>. Ainda assim você só terá chegado até a metade do caminho.

O estilo e a substância dos romances gráficos de Frank Miller são transferidos diretamente para a telona, por meio das técnicas que o inovador diretor Robert Rodriguez inaugurou em sua série <i>Pequenos espiões</i>.

O cineasta inclui até mesmo a paisagem urbana preta e branca das histórias em quadrinho, suas caricaturas absurdas e sua violência estilizada. O filme, que tem a direção assinada pelo próprio Miller e por Rodriguez, mostra explicitamente tudo o que os escritores de ficção barata apenas sugerem ou deixam subentendido.

Você se vê preso num mundo de corrupção, depravação e sexo desenfreado. Tudo aqui - sadismo, tortura, castração, canibalismo, desmembramento - é uma grande piada. As figuras de autoridade, quer sejam policiais, religiosos ou funcionários do governo, são decadentes e degradantes.

<i>Sin city</i> é um filme feito para agradar exclusivamente a homens jovens, digamos dos 13 aos 30 anos. A carnificina implacável, apesar de caricata, deve desagradar às mulheres, que, no filme, são retratadas ou como vítimas ou como vadias e assassinas psicóticas.

Mas <i>Sin city</i> não é um filme tanto misógino quanto misantrópico. O grande problema é que, depois de 10 minutos, o espectador já viu tudo que o filme tem a mostrar. O ambiente visual é hipnótico, mas nunca muda. A ordem do dia é a repetição. E a selvageria caricata acaba cansando.

Enquanto os filmes de Quentin Tarantino alcançam, pode-se dizer, o status de literatura cinematográfica, <i>Sin city</i> em nenhum momento passa de ficção barata.

Não há dúvida de que o pessimismo e até o niilismo são elementos presentes em toda a literatura e o cinema. Mas a atitude pessimista neste filme soa como uma mentira - mais uma pose do que uma convicção sincera.

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