Um grupo nigeriano libertou três funcionários estrangeiros de uma empresa de petróleo nesta segunda-feira, mas ameaçou realizar mais ataques contra instalações do setor na Nigéria, oitavo maior exportador do produto no mundo. Os três homens, dois norte-americanos e um britânico, foram entregues ao governador do Estado do Delta (sul da Nigéria) por um líder do grupo étnico ijaw encarregado de negociar com os militantes em nome das autoridades.
- Os três estão em bom estado de saúde. Claro que eles estão um pouco nervosos depois de um mês no cativeiro - disse Abel Oshevire, um porta-voz do governo do Estado.
O Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (Mend, na sigla em inglês), um grupo rebelde, havia exigido uma maior participação da população local nos lucros obtidos com o petróleo, a libertação de líderes ijaw detidos e uma indenização devido a episódios de poluição provocados pelo petróleo. Mas na segunda-feira o movimento disse que a libertação dos reféns havia sido incondicional. Isso não significava, segundo o Mend, o final da campanha de sabotagem contra os oleodutos e plataformas de petróleo, campanha essa já responsável por diminuir a produção do país em um quarto.
"Isso não significa o fim de nossos ataques. A manutenção de reféns é um fator de distração e mobiliza nossas unidades em uma empreitada irrelevante. Vamos concentrar nossos ataques agora somente contra as instalações de petróleo e contra os funcionários encontrados dentro dessas instalações", afirmou o grupo em um e-mail enviado à agência de notícias inglesa Reuters.
As ações do movimento obrigaram empresas de petróleo a cortar em 630 mil barris de petróleo por dia a sua produção. E o Mend já ameaçou que cortará outros 1 milhão de barris de petróleo por dia com um novo ataque.
O presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, deve voar para os EUA na terça-feira, e as pressões aumentavam para que o sequestro dos reféns chegasse ao fim.
Ataques
Os militantes do Mend capturaram no dia 18 de fevereiro nove funcionários estrangeiros de empresas petrolíferas. Seis deles foram libertados no dia 1º de março. Essa foi a segunda onda de seqüestros e de ataques contra instalações do setor realizada pelo grupo desde janeiro. Os ataques de fevereiro aconteceram depois de uma investida militar contra comunidades da área de Gbaramatu, no Estado do Delta, acusadas pelo governo de roubarem petróleo. O comandante das Forças Armadas que ordenou a investida acabou perdendo seu posto depois da ação.
O Mend disse na segunda-feira que os reféns haviam sido levados apenas para servirem como escudos humanos na proteção da área de Gbaramatu e que foram libertados assim que diminuiu o perigo de uma nova investida. Ativistas da etnia ijaw vêm trabalhando nos bastidores para solucionar a crise. Para alguns, a libertação dos reféns poderia ser um primeiro passo rumo à solução dela.
- Agora que o Mend deu uma prova de boa-fé precisamos com urgência levar para a mesa de negociações as questões levantadas - disse Oronto Douglas, um ativista ijaw nomeado pelo grupo para mediar as negociações com o governo.