O caso Calixto trouxe a tona no Senado a idéia de mudar o critério de escolha dos suplentes, geralmente recrutado pelos titulares ou pelos partidos entre parentes, amigos, financiadores de campanha ou cabos eleitorais.
O empresário Mário Calixto, suplente do senador Amir Lando (PMDB-RO) ¿ atual ministro da previdência ¿ teve a sua posse anulada pelo Senado por ser alvo de 147 processos, inclusive uma condenação criminal que suspendeu seus direitos políticos.
Os senadores Jefferson Peres (PDT-AM) e Eduardo Suplicy (PT-SP) pretendem reapresentar projetos arquivados na legislatura passada que, aprovados, podem acabar com o emprego fácil na Casa. A atual lei já permitiu que 20% da composição do Senado fosse de suplentes. Em setembro de 1998, véspera de eleição, 19 dos 81 senadores eram substitutos.
Suplicy defende a idéia de que os partidos ou coligações apresentem, na ocasião da eleição do titular, quatro candidatos a duas vagas de suplente. Ganhariam os mais bem votados.
Nos EUA, a figura do suplente não existe. Se o senador morre ou renuncia, o governador do estado que ele representa, autorizado pela assembléia local, nomeia um substituto e convoca nova eleição.
O senador Sibá Machado (PT-AC), por exemplo, chegou ao Congresso como suplente da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. Sibá é antigo militante petista e seu nome foi aprovado pelo diretório regional, regra do partido, para ser o substituto de Marina. Disputou e perdeu três eleições no Acre: deputado federal (1994), prefeito (1996) e deputado estadual (1998). Sibá diz que ficaria mais à vontade se tivesse a aprovação popular. ¿ A população não votou em mim. Fico desconfortável. A regra atual não é boa, tira a autoridade do suplente ¿ admite.
Já o senador Valmir Amaral (PMDB-DF) ganhou seis anos e nove meses de mandato ao assumir a cadeira de Luiz Estevão, cassado por denúncia de corrupção.
Doadores de campanha também viram suplentes
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), quando renunciou em 2001, entregou a vaga ao filho mais velho, o empresário e professor Antonio Carlos Magalhães Júnior. Reeleito em 2002, manteve o filho como primeiro suplente.
Nomear para suplente doadores generosos é outra praxe. O caso mais clássico é o empresário paulista Gilberto Miranda, uma espécie de suplente profissional no Amazonas. Em 1990, assumiu a vaga de Carlo de Carli por quatro meses. Na legislatura seguinte, virou titular, ganhando sete anos do mandato de Amazonino Mendes, eleito governador. Hoje, é segundo suplente de Gilberto Mestrinho.