A Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP encaminhou ofício à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público Estadual pedindo a abertura de investigação sobre a agressão de PMs contra um comboio de sem-teto. A PM não confirma o incidente, mas prometeu investigar. Segundo a liderança do MTST, oito caminhões que levavam objetos e algumas famílias foram parados por PMs da Força Tática e policiais de moto na altura do km 18 da Rodovia Anchieta. Eles teriam obrigado os sem-teto a descer dos veículos. Quem resistiu a abandonar o local recebeu golpes de cassetete. Hans Michels, de 36 anos, foi um deles. "Foi uma emboscada", afirma. Ele fraturou um dedo da mão esquerda e ficou com um hematoma nas costas.
Segundo Michels, não houve troca de insultos entre os sem-teto e o policiamento. "Eles não pouparam mulheres e crianças", diz.
De acordo com o advogado Ariel de Castro Neves, da Comissão de Direitos Humanos da OAB de São Paulo, 26 pessoas ficaram feridas. Cinco registraram queixa e prestaram depoimento na Corregedoria de Polícia. Eles também foram encaminhados ao Hospital da PM para exame de corpo de delito.
Sem-teto sofrem novo despejo em São Bernardo
Menos de 48 horas depois de serem despejados do terreno da Volkswagen, os sem-teto enfrentaram nesta sexta-feira uma nova reintegração de posse. O mandado, expedido pela 2ª Vara Cível da cidade, obrigava as cerca de 400 pessoas que estavam acampadas no Paço Municipal de São Bernardo do Campo a deixarem a área. Uma suposta ameaça de bomba também fez com que a Câmara fechasse mais cedo. Nenhum explosivo foi encontrado.
No começo da tarde, o número de sem-teto que ocupavam a praça em frente ao Paço Municipal já era maior que o do dia anterior. Depois de serem despejados do terreno da Volks, ocupado desde o dia 19 de julho, cerca de 100 pessoas fizeram uma passeata rumo à prefeitura de São Bernardo. Como não houve negociação, os sem-teto decidiram ficar no local.
O oficial de Justiça que trazia o mandado de reintegração de posse chegou por volta de 17 horas. O determinava o despejo imediato das famílias acampadas na Praça Samuel Batistini. A ação foi movida por dois procuradores do município. "Não temos tempo para recorrer", disse Eliana Lúcia Ferreira, advogada do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). A prefeitura também entrou com uma representação criminal contra líderes do movimento, por dano ao patrimônio público e incitar publicamente prática de crime.
Como já havia ocorrido durante reintegração na Volks, líderes do MTST optaram por uma saída pacífica. A cena, então, se repetiu. Aos poucos, as famílias recolhiam seus pertences e colocavam em cima dos quatro caminhões cedidos pela prefeitura. Muitas delas já tinham armados barracas de lona nos jardins da praça. Uma ambulância e homens do Corpo de Bombeiros também foram mobilizados. Um pequeno efetivo da PM acompanhava a retirada.