Cabe aos Estados Unidos - e não a Síria - garantir que Saddam Hussein e outros importantes líderes de seu regime não fujam do Iraque cruzando a fronteira com o país vizinho. A afirmação foi feita por um alto diplomata de Damasco em Washington. "O Exército dos Estados Unidos assumiu as fronteiras iraquianas com a Síria nos primeiros dias deste conflito", declarou o vice-embaixador sírio na capital norte-americana, Imad Moustapha, em entrevista à CNN. "São eles quem controlam estas fronteiras", prosseguiu. "Deixem que eles decidam quem querem que entre na Síria ou permaneça no Iraque". Moustapha também disse que os rumores de que Damasco poderia oferecer asilo a membros do regime deposto de Saddam Hussein, bem como a seus parentes, "estão sendo usados por forças hostis à Síria, apenas para macular a imagem" do país. Entretanto, ao ser indagado diretamente se a Síria daria refúgio a Saddam, o diplomata apenas comentou: "Não estamos interferindo neste conflito. Estamos apenas apoiando o povo do Iraque, e não o governo do Iraque". O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, e outras autoridades norte-americanas acusaram abertamente a Síria de permitir a passagem de armas para o Iraque, através de sua fronteira. Moustapha rejeitou veementemente essa versão. "Não se trata exatamente o que a Síria está fazendo", alegou. "Trata-se do que estão tentando fazer crer que a Síria está fazendo". Mesmo dizendo acreditar que muitas autoridades em Washington apóiam a expansão das atividades militares para outros países do Oriente Médio, Moustapha destacou, ainda, que os sírios "não acreditam que o país seja o próximo na lista dos Estados Unidos". "Acreditamos que a Síria, o Egito, a Arábia Saudita e outros países árabes são o alvo dos sonhos para certos intelectuais neoconservadores aqui nos Estados Unidos, os quais são fortes aliados de facções extremistas do Likud e de Sharon em Israel", alegou. Por fim, Moustapha disse que as cenas de civis liberados, dançando alegremente nas ruas, são uma ilusão, uma vez que muitos iraquianos que não foram flagrados pelas câmeras "estão se sentindo muito tristes". "Essas pessoas que estão correndo pelas ruas são gangues", concluiu.
'Saddam não é problema nosso', afirma Síria
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Sexta, 11 de Abril de 2003 às 05:41, por: CdB