Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Russos protestam contra reforma social de Putin

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Sábado, 15 de Janeiro de 2005 às 09:17, por: CdB

Uma avalanche de protestos de aposentados em defesa de seus benefícios sociais que foram suprimidos sacudiu toda a Rússia nesta semana na primeira amostra de descontentamento popular com a política do presidente Vladimir Putin.

"Putin: os aposentados não são cachorros!", dizia um cartaz levado por centenas de idosos reunidos nesta sexta-feira ante o Palácio Smolny, sede da prefeitura de São Petersburgo, onde o chefe do Kremlin recebia o presidente alemão, Horst Köhler.

Da mesma forma que milhares de outros aposentados e veteranos de guerra por todo o país, esses anciãos protestavam contra uma nova lei que acaba de substituir os benefícios sociais para os mais pobres herdados da época soviética por escassas contribuições em dinheiro.

Neste sábado, cerca de 2.000 aposentados congregaram-se ante a administração de Jimki, cidade satélite de Moscou, para reclamar a devolução aos mais desprotegidos dos privilégios suprimidos, como transporte gratuito, descontos nos serviços comunais e atendimento médico.

Comícios similares, autorizados ou espontâneos, sucederam-se por dezenas de pequenas e grandes cidades do país, em alguns casos com cortes de estradas para atrair a atenção das autoridades.

Em todos esses lugares, as autoridades mobilizaram a polícia, mas em nenhum caso foram reportados incidentes, talvez porque muitos agentes compartilham os sentimentos dos manifestantes, pois essa lei privou a eles mesmos o direito ao transporte gratuito.

Os aposentados desesperados denunciam que em vez do direito ao transporte gratuito agora recebem "compensações" em dinheiro de 50 a 250 rublos (entre 2 e 10 dólares) mensais, que apenas alcançam para contadas viagens e em muitas ocasiões nem sequer se pagam, pela grave escassez de fundos nos inexpressivos orçamentos locais.

A nova norma também afeta deficientes físicos, mães solteiras, famílias numerosas, veteranos de guerra, vítimas de catástrofes e outras categorias dos 30 milhões de habitantes, a quinta parte do total, que vivem abaixo do nível oficial de pobreza.

Um grupo de aposentados enviou por correio 90 rublos (3 dólares), o equivalente de suas "compensações" de transporte, a Boris Grizlov, o presidente da Duma e líder do partido do Kremlin, Rússia Unida, que com mão firme aprovou a polêmica lei em agosto de 2004.

Muitos especialistas coincidiam na necessidade de uma reforma do velho e pouco eficaz sistema de benefícios sociais, mas o Kremlin optou pelo variante mais radical dos cortes e sem criar os mecanismos para a denominada "monetização dos privilégios".

Os protestos pegaram os autores da lei, o governo e a Duma desprevenidos, que responsabilizaram do descontentamento popular governadores regionais e a imprensa, que "instiga as paixões" em vez de "explicar a população a essência da nova norma".

A lei que compensa em dinheiro as garantias sociais "é justa e correta", pois concede "vantagens adicionais", insistiu Grizlov, para quem o que falhou são os mecanismos de sua aplicação nas regiões.

Ainda assim, a Duma se negou em duas ocasiões a realizar antes da próxima sexta-feira uma sessão especial dedicada à reforma, o que ontem levou a minoritária oposição comunista a ameaçar planejar um voto de censura ao governo.

O deputado comunista Vladimir Kashin lembrou que a normativa foi aprovada a instâncias e com os votos da Rússia Unida e afirmou que o PC previsivelmente exigirá "a demissão do governo, como autor da nova lei que saqueou tantos habitantes".

Para atenuar a situação, uma delegação da Rússia Unida reuniu-se com vários ministros e governadores para concordar que nas regiões onde não há dinheiro para as compensações seja restabelecido provisoriamente o transporte gratuito.

E também foi acordado que a pensão mínima, que o governo planejava subir em 5% a partir de abril próximo, será elevada já em fevereiro e em 15%, ou seja, de 660 a 760 rublos (de 23,

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