Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Rússia e EUA retomam caminho da diplomacia na questão da Ucrânia

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Sábado, 29 de Março de 2014 às 13:49, por: CdB
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Kerry e Lavrov, em recente encontro, retomaram as conversas sobre a questão ucraniana
A Rússia não tem, "absolutamente, nenhuma intenção ou interesse de cruzar a fronteira com a Ucrânia", assegurou o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, neste sábado. O acúmulo de tropas russas ao longo da fronteira leste com a Ucrânia segue preocupando autoridades de defesa dos Estados Unidos, que dizem não estar convencidas sobre as intenções de Moscou. A questão tem atormentado formuladores de políticas ocidentais desde que a crise na Ucrânia começou. Lavrov disse que a Rússia está interessada apenas em proteger os direitos de russos que vivem na Ucrânia. O chanceler salientou ainda que as posições da Rússia e do Ocidente quanto à situação na Ucrânia estão ficando mais próximas, com negociações com Estados Unidos, Alemanha, França e outros países mostrando agora que os dois lados podem inclusive propor uma iniciativa conjunta ao governo ucraniano. Lavrov voltou a defender que o governo ucraniano promova uma reforma constitucional e avalie a transformação do país em uma república federativa, onde as regiões teriam maior autonomia para conduzir suas próprias políticas econômicas e sociais. Também afirmou que a Ucrânia deveria tornar o russo o segundo idioma do país. Telefonema Na noite passada, a complicada situação entre o Ocidente e a Rússia começou a se distensionar após um telefonema entre o presidente norte-americano Barack Obama, e seu colega russo, Vladimir Putin, por iniciativa deste último. Putin e Obama discutiram uma solução diplomática para a crise local. Durante a conversa, Obama sugeriu que a Rússia ofereça uma solução concreta por escrito e os presidentes concordaram que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e Lavrov se reúnam para discutir os próximos passos. Kerry e Lavrov marcaram, a partir da conversa entre os chefes de Estado, uma reunião neste domingo para discutir a crise na Ucrânia. O vice-ministro russo do Exterior, Serguei Ryabkov, informou que a Rússia e os EUA continuam as consultas sobre a crise na Ucrânia, mas, por enquanto, as partes não elaboraram um plano de regularização do conflito. – Nós temos uma visão diferente da situação. A discussão realiza-se em forma de troca de pontos de vista, mas, por enquanto, não existe uma abordagem única – disse Ryabkov. Caminho diplomático Segundo a Casa Branca, Obama afirmou que o governo ucraniano continua adotando uma abordagem restrita diante da crise e seguindo em frente com a reforma constitucional e eleições democráticas. Ele pressionou a Rússia a apoiar esse processo e evitar futuras provocações, incluindo a escalada de forças na fronteira com a Ucrânia. Obama disse, ainda, que os EUA continuam a apoiar um caminho diplomático em suas consultas com o governo ucraniano e deixou claro que isso somente será viável se a Rússia retirar suas tropas e não tomar medidas adicionais para violar a integridade territorial e a soberania da Ucrânia. Putin concordou que a via diplomática é a mais viável e segura para a região. Separatistas Na véspera, o presidente deposto da Ucrânia, Viktor Yanukovich, pediu que cada uma das regiões do país realize um referendo sobre seu status "dentro da Ucrânia", disse a agência de notícias russa Itar-Tass. Foi por meio de um referendo às pressas que a Crimeia se desligou da Ucrânia e se juntou à Rússia. Áreas de maioria Rússia no leste do país também estão insatisfeitas com o novo governo interino. Yanukovich, que está refugiado no sul da Rússia desde sua cassação em 22 de fevereiro e continua a se considerar o presidente legítimo, acredita que as eleições presidenciais de 25 de maio não solucionarão os problemas do país. – Como presidente que está com vocês com toda a minha alma e meus pensamentos, faço um apelo a todos os cidadãos sensíveis da Ucrânia: não cedam aos impostores! Exijam um referendo sobre o status de cada uma das regiões dentro da Ucrânia – disse Yanukovich. Em um pronunciamento ao povo da Ucrânia, o presidente deposto em um golpe de Estado apoiado por forças neonazistas afirmou que apenas "um referendo nacional, e não eleições presidenciais antecipadas, podem estabilizar a situação política e conservar a soberania e a integridade territorial do Estado ucraniano". – Aumento da tarifa do gás em 50%, congelamento de salários, redução da previdência e outros benefícios sociais teriam condenado o povo à miséria. Como presidente e como patriota não podia aceitar essas condições – afirmou o presidente deposto.
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