A decisão da Justiça de São Paulo de autorizar a adoção de um menina de cinco anos por um casal de homens homossexuais segue uma tendência iniciada pelo tribunal do Rio de Janeiro. Até esta semana, nenhum casal de homens com essa orientação sexual havia recebido autorização para adotar.
No entanto, homossexuais solteiros já haviam conquistado o direito no Rio. Seguindo a mesma tendência, em Bagé, no Rio Grande do Sul, um casal de lésbicas também chegou ao fim de um processo de adoção, com sucesso.
O assunto começou a ser enfrentado abertamente pela Justiça na década de 90, quando o titular da 2ª Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Siro Darlan, aprovou as primeiras adoções por homossexuais solteiros. Desde então, 23 crianças foram adotadas por gays e lésbicas no estado.
- Temos que agir sem preconceitos. Se é aberta a possibilidade de a criança ter novamente uma família, que é garantida pela Constituição, temos que aprovar, porque o objetivo da adoção é fazer crianças felizes -, destaca Darlan.
Segundo ele, legalmente, nunca houve obstáculo para adoção por homossexuais. No entanto, o preconceito dos profissionais que atuam no processo de adoção, o temor da rejeição e do julgamento moral dos tribunais faziam com que eles não buscassem esse direito ou desistissem no meio do processo.
Em 1996, uma das autorizações para adoção assinadas por Siro Darlan foi dada ao professor e tradutor Ângelo Pereira. Ele acredita que a decisão da Justiça de São Paulo desta semana é mais um passo na conquista dos direitos homossexuais.
Questionado sobre possíveis influências na orientação sexual do seu filho, Ângelo diz que não foi influenciado pelos pais, que são heterossexuais.
- Pedro é uma criança alegre, que gosta de brincar, e curtir seu tempo -, conta professor, autor do livro Retrato em Preto e Branco, que conta a história da adoção e dos primeiros desafios enfrentados.