Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Repressão a traficantes aumenta pressão sobre população no Rio

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Segunda, 21 de Fevereiro de 2005 às 16:06, por: CdB

A repressão policial contra o crime organizado no Rio de Janeiro elevou os custos do narcotráfico, o que fez com que os criminosos apelassem à chantagem e reforçassem seu domínio nas favelas, mostrou um relatório na segunda-feira.

O relatório do serviço Disque-Denúncia disse que quase 17 mil pessoas das favelas do Rio informaram pelo telefone que as facções criminosas estão aumentando o controle sobre serviços básicos, como o abastecimento de gás de cozinha, e fazendo novas investidas para impor toques de recolher e usar crianças no tráfico de drogas.

A repressão policial às quadrilhas, que inclui buscas ao estilo militar e apreensões de carregamentos de drogas e armas, reduziram a lucratividade do tráfico de drogas, que movimenta a quantia estimada em 120 milhões de dólares ao ano, considerando só a cocaína e a maconha.

"A lucratividade do tráfico de drogas caiu no Rio devido à ação da polícia, e os traficantes estão pressionando mais as comunidades pobres das favelas, recorrendo à extorsão e outras atividades ilegais. Essa pressão pode ser bem dramática no caso dos toques de recolher", disse Zeca Borges, coordenador do serviço.

As organizações criminosas controlam a maioria das mais de 600 favelas do Rio, onde vive mais de 1 milhão de pessoas.

Borges disse que o número de reclamações subiu cerca de 10 por cento no ano passado.

Mais da metade das ligações para a organização não-governamental que trabalha junto com a polícia tratavam de arsenais de armas, disse o relatório. Algumas das ligações levaram a prisões.

Segundo o documento, as organizações estão aumentando o preço de produtos fundamentais como o do botijão de gás, cobrando uma taxa de 20 a 25 por cento dos moradores das favelas. Há um ano, a taxação era de menos de 10 por cento.

O balanço afirmou que as facções estão tentando controlar as cooperativas de transporte e o uso dos telefones públicos.

Mais de 4.000 ligações no ano passado e 247 em janeiro deste ano denunciaram o uso de crianças de até 7 anos pelos grupos para servir de "aviões", transportando drogas, ou de sentinelas.

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