Relatório conjunto da Anistia Internacional, da Ansa e Oxfam, mostra que o governo do Haiti não possui sequer um registro confiável das armas legais. O país mais pobre das Américas, que conta com uma missão de paz das Nações Unidas, não tem produção própria de armamento, mas convive com diversos grupos armados com influência política ou ligados ao narcotráfico.
O relatório cita um mapeamento feito pela Universidade de Genebra que mostra pelo menos 12 tipos diferentes de grupos armados que possuem variados números e calibres de pequenas armas - entre eles, ex-militares, guangues de bairro, fugitivos das prisões, empresas de segurança privada, organizações populares ligadas a políticos, civis e os próprios políticos. O armamento dos grupos inclui metralhadoras, pistolas e revólveres.
Grande desafio
O relatório integra uma campanha pelo controle das armas no mundo para garantir segurança às pessoas contra a violência armada. O novo presidente do Haiti, seja ele quem for entre os mais de 30 candidatos que disputam as eleições, e a cúpula da força de paz das Nações Unidas no país terão pela frente o grande desafio de desarmar a população. Divulgado na segunda-feira, um relatório conjunto da Anistia Internacional, Ansa e Oxfam estima que existem mais de 210 mil armas leves ou pequenas em circulação no país - a maioria ilegais.
A população total do Haiti é de 8,5 milhões. A história recente do país é marcada pela instabilidade política e rasgada por ditaduras e golpes de Estado. Desde a ditadura de François
Duvallier, conhecido como Papa Doc, grupos armados se articularam ou foram organizados para defender interesses políticos à força. Ao longo do tempo, o narcotráfico também passou a ser um grande problema no Haiti. Segundo o relatório, o país mais pobre das Américas se tornou
rota para a entrada da cocaína dos Estados Unidos.
Intitulado Chamada para um forte controle das armas - Vozes do Haiti, o estudo mostra que o Haiti não tem produção própria de armas. Portanto, todos os grupos armados dependem de fontes externas. A pesquisa relata que o tráfico ilegal é comum, geralmente obtendo armas originadas dos Estados Unidos, da República Dominicana, da Jamaica, da América Central,
da África do Sul, de Israel e até do Brasil.