Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Região xiita do Iraque está em estado de ebulição

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Sábado, 15 de Maio de 2004 às 07:43, por: CdB

Dezenas de pessoas, em sua maioria milicianos, morreram entre ontem e hoje em regiões xiitas do Iraque, que estão em um verdadeiro estado de ebulição por causa da revolta liderada pelo jovem chefe radical Moqtada al-Sadr. Apesar de Najaf, o coração da região xiita, não ter registrado novos confrontos envolvendo milicianos hoje, depois da morte de dez membros do exército de Mehdi o clima de tensão permaneceu na cidade santa de Kerbala (centro) e em Nassiriyah, mais ao sul.

Pelo menos 20 milicianos morreram e 13 ficaram feridos ontem depois de uma emboscada contra as tropas da coalizão que patrulhavam a área entre Amara e Basra, segundo um novo balanço do exército britânico. De acordo com o ministério da Defesa da Grã-Bretanha, dois soldados britânicos ficaram feridos.

Em Kerbala (centro), três civis morreram e sete ficaram feridos em confrontos hoje entre uma patrulha do Corpo de Defesa Civil Iraquiano (ICDC, auxiliar do exército) e milicianos xiitas. A patrulha do ICDC foi atacada a 50 metros dos mausoléus do imã Hussein e do imã Abbas, no centro da cidade, afirmou Hassan Ghanem, que disse ter visto um membro do ICDC morto sendo levado pelos rebeldes. Esta informação não foi confirmada por policiais.

O diretor do hospital de Kerbala, Ali Ardaui, disse à AFP que sete feridos foram levados para seu estabelecimento, assim como os corpos de três mortos. "Todas as vítimas são civis", acrescentou.

Por outro lado, um representante do aiatolá Ali Sistani, o xeque Abdel Mehdi Karbalai, pediu às autoridades da cidade que atuem para "encontrar uma solução pacífica" para o conflito que opõe os milicianos do líder radical xiita Moqtada al-Sadr e a coalizão que ocupa o país. Um dos chefes do exército de Mehdi, xeque Hamza Tai, libertou diante da imprensa um policial que era mantido como refém por seus homens desde o ataque de ontem a uma delegacia da cidade, onde eles roubaram armas.

No bairro de Sadr City, em Bagdá, três milicianos e um policial iraquiano morreram na madrugada de hoje quando soldados americanos abriram fogo. "Os quatro mártires caíram resistindo, com as armas em suas mãos, aos tanques americanos que tentavam entrar no bairro", disse uma pessoa ligada a al-Sadr, que pediu para não ser identificada.

O exército americano convocou, através de alto-falantes, os habitantes a entregar as armas em um prazo de dez dias em troca de uma quantia de dinheiro, cujo valor não foi divulgado. Porém, dezenas de jovens atiraram pedras na direção dos veículos militares, que abandonaram o local.

Em Nassiriyah, outra cidade xiita do sul, foram registrados violentos confrontos durante a madrugada entre soldados italianos e milicianos xiitas radicais. Um general americano explicou ontem que a coalizão pretende pressionar presionar Moqtada al-Sadr "para fazê-lo sair dos lugares santos".

O exército dos Estados Unidos anunciou a morte de cinco soldados, três em combates e dois em acidentes, o que eleva a 781 o número de militares americanos mortos no Iraque desde o início da guerra, em março de 2003.

Em Mossul (norte), quatro iraquianos morreram e 17 ficaram feridos em um ataque hoje contra um centro de alistamento do novo exército iraquiano. Além disso, dois policiais e um guarda civil morreram na madrugada de sexta-feira para sábado quando foram atingidos por tiros disparados por desconhecidos em Tikrit, anunciou a polícia.

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