Caso "Refém" ("Hostage") se pareça bastante com um policial francês moderno falado em inglês, o efeito é puramente intencional. Em sua estréia na língua inglesa, o diretor francês Florent Siri emprega o mesmo estilo vigoroso e firme usado no filme "Ninho de Abelhas" (2002), apresentando um thriller de roupagem noir com aspirações comerciais. A produção entra em cartaz nessa sexta-feira.
Esse último aspecto é dado por Bruce Willis, que lidera um elenco igualmente sólido ao longo das bruscas reviravoltas do roteirista Doug Richardson, baseado em um romance de Robert Crais.
Com alguns aspectos do enredo similares a "O Quarto do Pânico", o filme deverá obter um sucesso moderado para a Miramax, que tem comprado uma quantidade considerável de tempo na TV para anunciar o retorno de Willis ao gênero de luta contra o crime.
Willis é Jeff Talley, ex-negociador em casos de sequestro do Departamento de Polícia de Los Angeles que, após a morte de uma mãe e de um jovem filho, deixa a cidade e vira chefe de polícia em uma área considerada de baixa criminalidade no condado de Ventura.
No entanto, logo se vê envolvido em confusão depois que um trio de delinquentes juvenis (Ben Foster, Jonathan Tucker e Marshall Allman) mantêm um contador viúvo e misterioso (Kevin Pollak) e dois filhos dele (Michelle Horn e Jimmy Bennett) reféns após uma tentativa de roubo fracassada à mansão multimilionária deles.
Para complicar ainda mais as coisas, o personagem Walter Smith (de Pollak) tem em mãos um CD com informação digital procurada por um indivíduo particularmente persuasivo que sequestra a mulher (Serena Scott Thomas) e a filha de Talley (Rumer, filha de Willis na vida real) para garantir que ele lhe devolva os bens.
Atuando no que é em essência uma versão caseira do personagem John McClane, de "Duro de Matar", Willis adiciona camadas de complexidade como o herói relutante brigando para limpar o difícil caminho para a redenção.
Foster também impressiona como o líder da gangue adolescente, assim como o jovem Bennet.
A abordagem visual fortemente estilizada do diretor Florent Siri obtém sucesso, ao menos antes da terceira parte do filme, quando fica um tanto exagerada.
Contribuindo para o clima tenso do filme está o fotógrafo italiano Giovanni Fiore Coltellacci, colaborador de Siri em "Ninho de Abelhas", e o desenhista de produção Larry Fulton, que trabalhou com Willis em "O Sexto Sentido" e consegue transformar o enorme complexo de Topanga Canyon em um personagem genuíno.
Para completar o clima, há a música do sempre versátil Alexandre Desplat (de "Reencarnação" e "Moça com Brinco de Pérola"), que mantém sintonia com cada virada no enredo e as constantes mudanças do tom emocional.