Assessores de Alckmin disseram a jornalistas que ele considerou a medida uma "expulsão branca”. Usou, ainda, o termo "golpe branco" para descrever o que considera uma tentativa de forçá-lo a deixar o ninho tucano, caso queira seguir adiante com a candidatura à Presidência em 2018
Por Redação - de São Paulo
Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) não escondeu, nesta manhã, a indignação com a cúpula de seu partido que, na noite de quinta-feira, decidiu prorrogar o mandato do senador Aécio Neves (MG) na Presidência da legenda.
Assessores de Alckmin disseram a jornalistas que ele considerou a medida uma "expulsão branca”. Usou, ainda, o termo "golpe branco" para descrever o que considera uma tentativa de forçá-lo a deixar o ninho tucano, caso queira seguir adiante com a candidatura à Presidência em 2018. O endereço mais provável, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, é o Partido Socialista Brasileiro (PSB).
O posto de presidenciável tucano é disputado tacitamente pelo governador paulista, de um lado, e Aécio e o ministro José Serra (Relações Exteriores), de outro. A presidência do PSDB é decisiva na condução do processo interno de escolha do candidato. Com a prorrogação por um ano, Aécio estará no comando durante o ano pré-eleitoral.
Adversários
Um aliado de Alckmin usou o termo "revolta" para descrever a reação no Palácio dos Bandeirantes.
Outro interlocutor do governador comparou, junto à mídia conservadora, a articulação àquela que tentou fazer do vereador Andrea Matarazzo, então no PSDB, hoje no PSD, candidato a prefeito de São Paulo.
O nome preferido de Alckmin era o do empresário João Doria, que acabou sendo escolhido e eleito, o que se tornou um ativo político para o governador. Com o fortalecimento de Alckmin, Serra e Aécio, até então adversários, aproximaram-se.
Em reunião há cerca de duas semanas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não se opôs à articulação para manter Aécio no comando, e Serra declarou à Folha que era favorável.
Derrota
Em reunião nesta quinta-feira, a executiva do PSDB decidiu pela prorrogação por 20 votos a 2. "Podiam ter falado 'todo mundo a favor' e não ficava como derrota do Alckmin", comentou um tucano.
Na análise de um assessor, a tendência é que aliados de Alckmin façam a crítica pública ao PSDB, enquanto o próprio delimitará sua diferença em relação à cúpula do partido e ao governo Michel Temer (PMDB), apoiado por ela.
— Gosto do Aécio, mas não se deve mudar a regra do jogo com a partida em andamento — afirmou o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa paulista e aliado de Alckmin. Capez está envolvido no inquérito que investiga desvio milionário na merenda escolar, conhecido como ‘Escândalo da Merenda’, no Estado de São Paulo.