A candidatura de Akbar Hashemi Rafsanjani em busca de um terceiro mandato como presidente do Irã, algo inédito no país, provocou reações distintas nesta quarta-feira, mas o clérigo é o favorito para a eleição de 17 de junho.
Rafsanjani, 70, encerrou semanas de incerteza na terça-feira ao anunciar que vai concorrer ao cargo que ocupou de 1989 a 1997 para salvar o estado islâmico das mãos de extremistas e "construir confiança internacional".
" Retorno do presidente", proclamou o jornal reformista Farhang-e Ashti; "Fim de todas as dúvidas, Hashemi Rafsanjani vem", disse o jornal liberal Donya-ye Eqtesad.
Pesquisas de opinião não-oficiais colocam Rafsanjani, conservador moderado que fez diversas tentativas de melhorar o relacionamento do Irã com os Estados Unidos, como líder com grande diferença sobre o rival mais próximo.
Mas as pesquisas também davam maioria a Rafsanjani antes das eleições parlamentares de 2000, em que foi forçado a retirar a candidatura ao parlamento porque teve poucos votos.
- O que o faz pensar que as pessoas mudaram de opinião desde então? - perguntou o engenheiro naval aposentado Mohsen, 53.
Em 2000, Rafsanjani enfrentou um movimento reformista popular, dizem analistas. Agora, o governo reformista de oito anos liderado pelo presidente Mohammad Khatami - que não pode concorrer a um terceiro mandato consecutivo - é considerado um fracasso.
- Naquela época (2000), os reformistas eram muito populares e as pessoas realmente confiavam neles - disse o analista Mahmoud Alinejad.
Agora, diz Alinejad, a principal alternativa a Rafsanjani são os oponentes linha-dura, considerados mais hostis na relação com o Ocidente, reformas sociais e liberação econômica.
- As escolhas agora são muito mais limitadas e isso favorece Rafsanjani .As pessoas não o adoram de verdade, mas acreditam que seja a melhor pessoa para o cargo -, afirmou o analista.
Esta visão tem respaldo de muitas pessoas em Teerã.
- Eu não gosto de Rafsanjani, mas não temos outra escolha. Somos obrigados a votar nele pelo bem do nosso país - disse Raz Moghimi, de 16 anos, que poderá votar pela primeira vez.
Adversários querem usar acusações de corrupção e de abusos dos direitos humanos contra Rafsanjani.
Em segundo lugar nas pesquisas está o ex-chefe da polícia Mohammad Baqer Qalibaf, 43, que tem apoio por ser relativamente jovem, moderado e modernizador.
Os registros dos candidatos continuam nesta quarta-feira pelo segundo dia seguido. O ex-ministro da Educação Mostafa Moin, reformista que prometeu libertar prisioneiros políticos e concentrar-se nos direitos humanos se for eleito, registrou-se como candidato.