Seis quilombolas do Mato Grosso deram queixa de discriminação racial contra a dona de uma pousada da Asa Sul, em Brasília, neste fim de semana. Acompanhados da professora da rede municipal de ensino de Vila Bela (MT), Adrie El Kadri, os descendentes de escravos foram impedidos por Fátima de Almeida de se hospedarem "porque iriam sujar os lençóis".
O grupo chegou a Brasília na quinta-feira à noite e se hospedou em dois quartos da pousada. Quando a proprietária chegou, alegou que a recepcionista teria se enganado e que os quartos estavam reservados.
Os quilombolas foram a Brasília conversar com representantes do governo federal sobre a situação da comunidade de três mil pessoas que vivem em Vila Bela da Santíssima Trindade, Mato Grosso, na divisa com a Bolívia. Pela versão da filha da proprietária, Fernanda Almeida, que presenciou a situação, os hóspedes não quiseram ficar em outros dois quartos oferecidos porque não gostaram.
Esse tipo de crime é considerado inafiançável e a pena pode chegar a quatro anos de prisão. De acordo com o assessor jurídico da secretaria, Douglas Martins, cabe também uma ação de indenização contra a proprietária da pousada. A ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, disse que vai acompanhar o caso e pedir agilidade na apuração.