Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Quebrando o barraco na Europa

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Quinta, 28 de Outubro de 2004 às 07:44, por: CdB

Seria o funk carioca uma sub-expressão musical, como tem-se a impressão era o conceito do Ministério da Cultura? O que causou rebuliço foi o convite de um festival europeu à funkeira Tati Quebra Barraco, que canta músicas que fogem da ótima machista que impregna o gênero. O Minc bancou as passagens da cantora, que agora tem carreira internacional. Só bateram o martelo depois de muita insistência. 
 
No final dos anos 80 nascia em São Paulo o movimento de rappers que originou Thaíde e DJ Hum, Racionais Mc`s e outros. Na época houve bastante estranhamento e o movimento seguiu um caminho marginal até ter alguma popularidade, embora restrita, na segunda metade dos anos 90 com clipes na MTV, dos Racionais principalmente. Mesmo com todo esse tempo, o rap/ hip hop ganhou representantes de peso no Rio como Marcelo D2 e, em escala bem menor, Gabriel o Pensador.
 
O funk pena com constantes associações a criminalidade e conteúdo questionável das letras (mesmo tipo de entraves que foi designado ao rap). O público alvo é geralmente aglutinado em bailes que juntam todos os tipos e são documentados como uma extensão do crime (o que se confere, de fato, mas não deve ser generalizado). Tati Quebra Barraco é exatamente uma confirmação do conteúdo agressivo das letras e destinado à população de comunidades. Acaba também virando curiosidade e freakshow para DJs que fazem festas para a classe média, que olham o funk como uma expressão invariável de mau gosto (ou ainda, música feita para alienígenas).
 
Seria o funk carioca uma sub-expressão musical, como tem-se a impressão era o conceito do Ministério da Cultura? Será o rap paulista uma ex-sub-expressão musical? Será a partir de agora o funk uma ex-sub-expressão musical?
 
Em relação a aceitação imediata do brasileiro pós reconhecimento estrangeiro: o metal amargava em pequenas gravadoras e veículos bastante limitados. Depois que o Sepultura estourou na Europa e nos Eua a coisa mudou. O próprio rap ganhou novas dimensões mesmo dentro de seu público alvo original, da periferia. E o funk, para onde vai? Como será?   

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