A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estima que a quebra da safra da soja causada pela seca na região Centro-Sul gere prejuízos de US$ 2 bilhões nas exportações brasileiras. Além da soja, a falta de chuva também afetou as culturas de milho e feijão. Os prejuízos provocados pela estiagem representam uma redução de 12,4 milhões de toneladas na safra brasileira de grãos 2004/2005, calculadas inicialmente em 131,9 milhões de toneladas.
A soja é o principal produto agrícola na pauta das exportações brasileiras. Em 2004, foram vendidos US$ 10 bilhões, entre soja em grão, farelo e óleo. De acordo com o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, (AEB), José Augusto de Castro, as exportações de soja deste ano não devem superar as do ano passado. "Em 2005, com a quebra da safra e também com a queda das cotações dos produtos no mercado internacional, a exportações devem alcançar no máximo US$ 8 bilhões".
De acordo com Castro, o país não sofrerá perdas apenas nas exportações, já que terá de suprir a carência de milho recorrendo à importação. "Até o ano passado, o Brasil era exportador de milho. Com a quebra, nós teremos que importar pelo menos um milhão de toneladas de milho. Isso para atender não só aos produtores de carne bovina, suína e de frango como também à produção de óleo de soja e produção de milho".
O gerente da área de avaliação de safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Eledon Pereira de Oliveira, garantiu que não faltarão grãos ao mercado brasileiro, mas alertou que os reflexos da diminuição da oferta de milho já podem ser sentidos na economia. "Os preços estão reagindo e deverão afetar a cadeia produtiva", afirmou.
As conseqüências da quebra da safra, segundo o vice-presidente da AEB, deverão ser mais fortes a partir da segunda metade do ano, quando "os preços podem mudar completamente no mercado internacional e todos os indicadores mostram que deveremos ter um reflexo na inflação".
Castro disse acreditar que os recursos anunciados pelo governo para ajudar os agricultores a enfrentarem a seca - como a previsão de liberação de R$ 300 milhões ainda neste ano, a antecipação dos créditos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para a safra de inverno e a prorrogação do pagamento das dívidas dos produtores - apenas amenizarão o problema. "O pacote é bem vindo, sempre ajuda, mas não soluciona todos os problemas", afirmou.