Quatro lições a serem aprendidas com a crise na Ucrânia
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Sexta, 21 de Março de 2014 às 09:09, por: CdB
A Ucrânia tornou-se campo de batalha final na “guerra fria” e vai-se convertendo em possibilidade que a crise dispare uma segunda “guerra fria”. A declaração de independência da Ucrânia, pelo Parlamento da Crimeia, antes do referendo de 16/3 indica que a Crimeia pode seguir avante e unir-se à Rússia. Os tambores de guerra entre Rússia e países ocidentais nos ensinam quatro coisas.
Um conflito geoestratégico levou à catástrofe a política das grandes potências
Muitos no oeste da Ucrânia são católicos, e no leste da Ucrânia a maioria é de crentes da religião russa ortodoxa. A crise financeira causou conflito entre civilizações, empurrando a Ucrânia para a beira da bancarrota e da fragmentação. Assim se criou um vácuo que deram às grandes potências um incentivo para que se imiscuíssem em assuntos internos da Ucrânia.
A superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança nacional
Em anos recentes, países ocidentais conseguiram promover várias mudanças de regime. A Ucrânia está à beira de ter de declarar “calote” e bancarrota. A superdependência da Ucrânia à Rússia é o ponto vulnerável de sua segurança nacional. Países ocidentais aproveitaram-se desse ponto fraco, para seus esforços para promover mudança de regime na Ucrânia.
O fracasso dos países ocidentais, que não colheram as lições da história, resultou em conflito
O colapso da União Soviética no final da guerra fria gerou um grau de complacência no Ocidente. Na sequência, com a ascensão do neoconservadorismo e do neoimperialismo, os EUA embrulharam-se em conflitos, como a invasão do Iraque e a guerra no Afeganistão. Esses pontos de estresse são resultado da incapacidade do Ocidente para compreender as lições da história.
Os duplos padrões dos países ocidentais demonstram sua hipocrisia
Alguns países ocidentais foram lépidos ao apoiar o referendo pela independência que se fez na Província Autônoma do Kosovo e Metohija entre 26 e 30 de Setembro de 1991. Agora, só fazem repetir objeções ao referendo na Crimeia. No passado, muito defenderam direitos humanos – por exemplo, que o direito à autodeterminação prevalece sobre a soberania. Agora, falam como se nada fosse mais importante que a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. Esses duplos padrões explicam-se pelo fato de que, na análise final, os valores das potências ocidentais são inteiramente determinados por seus próprios interesses.
No dia 17 de Março, os primeiros resultados mostravam que 96,6% dos crimeanos votaram a favor de se integrarem à Rússia, no referendo de domingo. Os EUA recusam-se a aceitar o resultado do referendo. A crise da Ucrânia continua a ser duro desafio no caminho das grandes potências.
Wang Yiwei é professor na Tongii University, Diretor do Institute of International and Public Affairs, Diretor da China-EU Academic Network e pesquisador sênior adjunto do The Chahar Institute.
Tradução: Vila Vudu