A linha de investigação da Polícia Federal, que quer descobrir a atuação do empresário Abel Pereira na operação de compra do Dossiê Serra, agora se divide em duas. Na primeira, a origem do dinheiro. Na segunda, o que representa cada personagem no teatro montado para a detonação de uma série de informações comprometedoras para os candidatos tucanos ao governo do Estado de São Paulo, José Serra, e à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Enquanto o grupo do PT queria as informações reunidas para atiçar o fogo eleitoral contra os adversários, Abel tentava interceptar as informações e "calar a boca do empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin", disse fonte na PF.
Na questão dos recursos, as investigações avançam sobre a possibilidade de a negociação do dossiê ser resolvida com os recursos de um possível caixa dois do PT. Segundo um dos policiais que conduzem o caso, e prefere ter seu nome mantidos sob sigilo, cria corpo a tese de um enfrentamento surdo entre o PT e o PSDB em torno da série de documentos que comprovaria não apenas a corrupção durante o governo FHC e não somente na área da Saúde. Os participantes deste confronto são, todos, muito próximos das áreas de comando dos dois partidos.
- São pessoas muito ligadas à direção do partido e das campanhas petista e tucana - disse o policial federal.
Jorge Lorenzetti e Oswaldo Bargas são ligados à coordenação da campanha de Lula, enquanto Abel Pereira seria homem de confiança do triunvirato tucano, integrado por Serra, Alckmin e o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
O envolvimento de Ricardo Berzoini, presidente do PT, no entanto, ainda não está claro para os investigadores. Pouco depois de ser afastado da coordenação da campanha, Berzoini disse não ter "nenhum envolvimento" com o chamado Dossiê Serra.
Tanto Lorenzetti, quanto Bargas, Freud, Expedito, Gedimar e Valdebran tiveram suas prisões decretadas pela Justiça Federal de Mato Grosso, nesta terça-feira, por ter participado de maneira direta ou indireta da negociação de documentos contra os candidatos tucanos com o empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser o chefe da chamada máfia das ambulâncias.