Dois parlamentares se dispuseram a testar a veracidade da denúncia feita pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Em maio deste ano, Jefferson, que depois seria cassado, disse que havia um esquema do Partido dos Trabalhadores (PT), batizado de "mensalão", para compra de votos no Congresso Nacional para aprovar medidas de interesse de governo. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, afirma que os pagamentos foram feitos para quitar dívidas de campanha.
A pedido do deputado Odair Cunha (MG), a assessoria do Partido dos Trabalhadores elaborou um estudo comparando as datas de votação na Câmara com saques feitos por parlamentares ou seus assessores em contas do empresário Marcos Valério de Souza. A conclusão de Odair é de que os dados levantados pelo PT mostram que os saques de dinheiro não alteraram o comportamento das bancadas.
- A vinculação dos recursos à compra de votos é uma dedução que não encontra, nos gráficos que fizemos, nenhuma fundamentação sólida - disse o petista. Segundo ele, isso reforçaria a tese de que os saques eram pagamentos de dívidas de campanha e não compra de votos.
O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) também reuniu dados, a pedido de seu deputado Júlio Redecker (RS). Os números também comprovam que a maior parte dos saques foi feita durante as eleições municipais de 2004 ou no início de 2003, após as eleições do ano anterior.
Mas apontam que foi também nos períodos de maior movimentação financeira que aconteceram a maior parte das mudanças de partido. Além disso, o PSDB analisou os votos dos deputados que receberam dinheiro de Valério. Todos "têm um alto índice de fidelidade às matérias de interesse do governo", avalia Redecker.
Nas matérias a seguir você conhece os estudos do PSDB e do PT e como os relatores das comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs) dos Correios e da Compra de Votos avaliaram os levantamentos de cada um dos partidos.