Historicamente, os países que se desenvolvem passam por processos de industrialização, enriquecem e, aos poucos, reduzem a participação do setor na economia.
Por Redação - do Rio de Janeiro
Dados divulgados na quinta-feira pelo IBGE mostram que a participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB) caiu para 11,8%, a menor desde os anos 1950. No início da década, esse percentual era de 15% e, nos anos 1980, chegou a superar a casa dos 20%.
As consequências, no entanto, dividem especialistas. Parte dos economistas que acompanham o tema afirma que o Brasil passa por um processo de desindustrialização precoce, com consequências nocivas à inovação e à produtividade. Para outros analistas, a perda de espaço das fábricas é um processo natural de mudança do perfil, em que o setor de serviços tende a ganhar cada vez mais protagonismo.
Historicamente, os países que se desenvolvem passam por processos de industrialização, enriquecem e, aos poucos, reduzem a participação do setor na economia.
Indicador
O ponto dos críticos é que o Brasil teria passado por esse processo cedo demais. Segundo dados do Banco Mundial de 2015, os últimos disponíveis para todos os países, o peso da indústria brasileira no PIB, estimado em 11,8% naquele ano, estava abaixo da média mundial, de 16,5%.
Por diferenças metodológicas, os números diferem um pouco dos dados do IBGE, que, naquele ano, registrou 12,2%. O indicador brasileiro, no entanto, também estava abaixo do estimado em países vizinhos, como México, Peru e Argentina.
Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), acrescenta que o país não tem características que justifiquem essa queda.
— Nossa renda per capita não é de país desenvolvido. O Brasil está para trás na robotização, não tem um grande fenômeno de outsourcing (terceirização de processos da indústria para o exterior). Foram as condições macroeconômicas e sistêmicas que fizeram com que a indústria perdesse espaço, como câmbio desfavorável e custo de capital elevado — conclui.