O príncipe Rainier de Mônaco, cujo casamento com a atriz norte-americana Grace Kelly levou o glamour de Hollywood a seu minúsculo Estado, morreu na quarta-feira aos 81 anos de idade.
O palácio anunciou às 6h35 (horário local) a morte do monarca europeu que mais tempo passou no poder. Rainier ficou um mês internado num hospital, enfrentando problemas pulmonares, cardíacos e renais.
Alguns residentes do principado de Mônaco se esforçavam para não chorar ao receber a notícia, e muitos líderes estrangeiros renderam homenagens ao homem que transformou Mônaco de centro decadente do jogo em paraíso de bilionários.
Rainier inseriu Mônaco - o segundo menor Estado do mundo, perdendo apenas para o Vaticano - no mapa internacional com seu romance e posterior casamento com Grace Kelly, em 1956.
A princesa Grace morreu num desastre de automóvel em 1982, e Rainier, com o coração partido, não voltou a se casar. A expectativa é que seja enterrado ao lado de sua mulher, perto do palácio, após pelo menos uma semana de luto.
Ele será sucedido à frente do minúsculo principado mediterrâneo por seu filho príncipe Albert, 47 anos, que assumiu os deveres reais na semana passada, quando a esperança de que Rainier pudesse se recuperar chegou ao fim.
Homem tímido, Albert sempre viveu à sombra de seus pais e irmãs, Stephanie e Caroline, bem mais glamourosas do que ele, ao mesmo tempo em que era preparado para assumir o poder, na condição de único filho homem de Rainier. Seu nome já esteve vinculado a uma sucessão de modelos e atrizes, mas ele nunca teve uma relação estável com nenhuma delas.
As bandeiras em Mônaco já estavam a meio-pau em homenagem a João Paulo II O clima no principado é de tristeza.
- Todo o mundo aqui se sente órfão - disse o ministro de Estado de Mônaco, Patrick Leclercq, em comunicado à televisão francesa.
Rainier subiu ao trono oficialmente em 11 de abril de 1950, mas antes disso já vinha governando o país havia quase um ano, desde a morte de seu avô, o príncipe Luís II.
Quando Rainier sucedeu a seu avô, Mônaco era conhecido principalmente pelo cassino no qual se fundamentou sua prosperidade no século XIX. Como último autocrata constitucional da Europa, ele conduziu o principado para uma era de arranha-céus, negócios bancários internacionais e outros.
Rainier fortaleceu a soberania de Mônaco, e em 1993 o país conquistou um lugar na ONU.
"Príncipe construtor, príncipe visionário, Rainier esteve por trás da transformação radical do principado ... que fez dele um Estado moderno" disse em comunicado o presidente do Conselho Nacional (Parlamento) de Mônaco, Stephane Valeri.
Os presidentes da França e da Alemanha elogiaram seu reino, e a Grã-Bretanha e a Comissão Européia enviaram seus pêsames.
Jacques Chirac, da França, disse que Rainier era "uma personalidade universalmente respeitada, muito amada no principado e que simbolizava o destino compartilhado de nossos dois países".
Mas Rainier - que, depois do rei Bhumibol Adulyadej, da Tailândia, é o monarca que passou mais tempo no trono em todo o mundo -- viveu em solidão a última fase de sua vida, enquanto a mídia focalizava os problemas de seus filhos e as alegações de que Mônaco virara refúgio do dinheiro sujo da máfia.
Suas filhas tiveram uma sucessão de relacionamentos amorosos desastrosos e altamente divulgados.
Apesar da prosperidade de Mônaco, o reinado de Rainier parece confirmar a lenda da maldição que supostamente teria acompanhado a dinastia Grimaldi em seus sete séculos no poder: a de que os membros da família nunca teriam casamentos longos e felizes.
Dezessete anos após a morte da princesa Grace, Rainier disse:
- Ainda sinto a ausência dela. Foi um casamento por amor.
Príncipe Rainier levou glamour e riqueza a Mônaco
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Quarta, 06 de Abril de 2005 às 13:15, por: CdB