Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Pressão internacional é articulada para sufocar palestinos

Arquivado em:
Quarta, 05 de Abril de 2006 às 20:24, por: CdB

O novo governo palestino, controlado pelo Hamas, está encontrando dificuldades para encontrar um banco que queira gerenciar suas finanças, o que pode complicar o pagamento de funcionários públicos e o recebimento de ajuda externa, segundo diplomatas ocidentais e autoridades locais.

- Não se pode governar sem ter um banco - disse um funcionário palestino, ligado à "conta única do tesouro", no qual doadores internacionais depositam verbas para que a Autoridade pague seus 140 mil funcionários e cubra outras despesas.

Uma fonte diplomática ocidental disse que os problemas bancários do Hamas podem "paralisar todo o sistema de pagamentos". Autoridades do Hamas, grupo considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Européia, por usar a violência e defender a destruição de Israel, disseram que o impasse bancário é parte de uma campanha internacional contra a facção islâmica.

Um ministro do Hamas disse na quarta-feira que o Banco Árabe, da Jordânia, que há muito tempo gerenciava a conta palestina, estava sob pressão "de fora" para romper com o governo do grupo. O Banco Árabe não comentou o assunto.

Uma solução drástica, segundo o ministro, seria permitir que os funcionários públicos palestinos abrissem contas pessoais nas quais doadores árabes e europeus depositariam diretamente os salários. Alguns países doadores já analisam essa possibilidade. Fontes diplomáticas ocidentais disseram, sob anonimato, que o Hamas vem tentando transferir a conta do Banco Árabe para uma entidade palestina, o que reduziria o risco de que as verbas internacionais fossem congeladas.

Mas essas fontes disseram que outros bancos já rejeitaram o pedido, em parte por causa do estado precário das finanças da Autoridade, mas também por temerem represálias jurídicas nos Estados Unidos e Europa.

- A pressão está sendo posta sobre qualquer um que possa ser pressionado - disse uma fonte ligada à iniciativa ocidental de sufocar o sistema bancário palestino.

Essa fonte disse que a mensagem das autoridades norte-americanas e européias aos bancos e doadores regionais foi:

- Se vocês não os isolarem, pelo menos reduzam consideravelmente qualquer financiamento.

Boicote israelense

Vencedor nas eleições palestinas de janeiro, transcorridas em plena normalidade, o Hamas assumiu a Autoridade Palestina na semana passada. O governo israelense já suspendeu a transferência de impostos alfandegários para a Autoridade, e seus bancos começaram a romper os últimos relacionamentos financeiros que ainda existiam. O governo do Hamas também deve perder a ajuda financeira ocidental caso não renuncie à violência, reconheça Israel e aceite os acordos de paz provisórios.

- Isso é parte da anunciada guerra econômica, porque escolhemos o caminho da democracia - disse o ministro palestino das Finanças, Omar Abdel-Razeq.

Nas últimas semanas, o Banco Árabe confiscou verbas que haviam sido depositadas pelos Emirados Árabes e pelo Irã, para cumprir dívidas palestinas anteriores, segundo fontes diplomáticas. Embora Abdel-Razeq diga que o governo espera receber US$80 milhões da Arábia Saudita, do Kuweit e dos Emirados Árabes, não se sabe como o dinheiro chegará.

O maior banco de Israel, o Hapoalim, anunciou nesta semana o rompimento do último vínculo bancário entre Israel e os territórios palestinos. Fontes disseram que o Hapoalim vai encerrar seus negócios com bancos palestinos nos próximos três meses. O Israel Discount Bank, terceiro maior do país, anunciou na quarta-feira que fará o mesmo.

Um funcionário palestino ligado ao sistema bancário disse que a decisão vai prejudicar a economia e o comércio, pois parte das importações são apoiadas em garantias bancárias israelenses. Em longo prazo, o rompimento dos vínculos bancários pode fazer com que os palestinos troquem o shekel israelense pelo dinar jordaniano como principal moeda usada no dia-a-dia, segundo esse funci

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo