Presidente ucraniano confirma assinatura de acordo de cessar-fogo
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Sexta, 05 de Setembro de 2014 às 08:24, por: CdB
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, confirmou em sua conta no Twitter que os enviados a Minsk para negociar o fim do conflito entre as forças de Kiev e separatistas pró-Rússia assinaram um acordo de cessar-fogo que pode entrar em vigor ainda nesta sexta-feira.
Ele não deu mais detalhes. Serhiy Taruta, governador da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde ocorre a maior parte dos conflitos, também confirmou a assinatura e disse aguardar por detalhes sobre o acordo.
Em separado, o primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, disse em uma reunião de gabinete em Kiev, transmitida pela TV, que o plano de paz deve incluir três elementos -um cessar-fogo, a retirada das "forças russas e bandidos e terroristas russos", assim como o restabelecimento da fronteira da Ucrânia com a Rússia.
Conflito prossegue
Representantes do governo da Ucrânia, dos líderes separatistas, da Rússia e da agência europeia de segurança OSCE iniciaram negociações nesta sexta-feira a fim de resolver o conflito no leste ucraniano.
No entanto, os confrontos se intensificaram nesta sexta entre forças ucranianas e rebeldes pró-Rússia a leste do estratégico porto de Mariupol, no sudeste da Ucrânia. Disparos de artilharia também eram ouvidos em Donetsk, o principal reduto dos separatistas, nas imediações do aeroporto da cidade, que permanece sob controle do governo.
A Ucrânia diz que suas forças estão tentando repelir uma grande ofensiva dos rebeldes para tomar Mariupol, cidade de 500.000 habitantes e porto estratégico no Mar de Azov, crucial para as exportações de aço da Ucrânia. Os rebeldes disseram que suas forças já estavam dentro de Mariupol, mas os militares ucranianos negaram essa informação.
Conversações
A maioria dos participantes das negociações não quis falar com repórteres ao chegar para as conversas em Minsk, capital de Belarus, mas o ex-presidente ucraniano Leonid Kuchma disse:
– Todos viemos por paz, essa é a coisa mais importante, achar uma trégua.
O presidente Petro Poroshenko disse na quinta-feira que anunciaria um cessar-fogo se as conversas acontecessem, mas tal anúncio ainda não ocorreu. O conflito começou no leste da Ucrânia em meados de abril. Mais de 2.600 pessoas foram mortas em uma crise que provocou o maior período de tensão nas relações entre a Rússia e o Ocidente desde o fim da guerra fria.
Um cessar-fogo acordado em junho foi encerrado após 10 dias porque os combates não pararam, mas autoridades tinham esperança de que qualquer novo acordo pudesse levar a medidas para garantir uma paz duradoura, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, e Poroshenko apoiassem a proposta.
Os dois líderes conversaram nesta semana por telefone e Poroshenko disse que ambos tinham chegado a um acordo sobre um cessar-fogo - uma mudança de posição por parte de Poroshenko, cujas tropas têm sido rechaçadas pelos rebeldes, que, segundo o Ocidente, são apoiados pela Rússia. Moscou nega armar os rebeldes ou enviar tropas russas.
Putin também ofereceu um plano de paz de sete pontos que deixaria os rebeldes em controle do território equivalente a 10 por cento da população da Ucrânia e uma parcela ainda maior da indústria.
Os rebeldes dizem que concordariam com o cessar-fogo para permitir um corredor humanitário para refugiados e entrega de ajuda. A trégua seria monitorada por observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Apoio do Kremlin
O Kremlin saudou o acordo de cessar-fogo firmado entre o governo da Ucrânia e os rebeldes pró-Rússia nesta sexta-feira, e pediu a todos os lados que o cumpram atentamente, segundo agências de notícias russas.
"O gabinete presidencial russo saúda a assinatura do protocolo em Minsk", disse o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, de acordo com a agência russa de notícias Interfax.
Ele observou que o acordo ocorreu depois de iniciativas de Putin e do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, e acrescentou: "Moscou espera que todas as disposições do documento e os acordos alcançados sejam cuidadosamente observados pelas partes, e que o processo de negociação continue até que a crise na Ucrânia seja totalmente solucionada".