Rio de Janeiro, 22 de Janeiro de 2025

Premier quer o fim dos saques e a reconstrução de Gaza

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Terça, 13 de Setembro de 2005 às 06:09, por: CdB

Os palestinos começaram nesta terça-feira a retirar o entulho dos assentamentos judaicos abandonados e demoliram os restos de uma sinagoga incendiada, um dia depois do fim da ocupação militar israelense na Faixa de Gaza.

- O pesadelo acabou, a ocupação foi embora, e Gaza agora está sem colonos. Hoje começamos o trabalho de reconstrução - disse o primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie, em Neve Dekalim, que era o maior assentamento da região.

Ele pediu a centenas de palestinos que continuam invadindo os assentamentos para comemorar a retirada para que parem de saquear prédios e equipamentos agrícolas deixados para trás pelos judeus, após 38 anos de presença.

- Vocês não vão lucrar com um pilar, um tubo de plástico ou peças de madeira que estejam levando. Protejam-nos, porque são seus - disse.

Em Neve Dekalim, escavadeiras palestinas retiraram pedaços de concreto de casas demolidas pelos soldados israelenses. O entulho estava obstruindo algumas estradas no sul da Faixa de Gaza.

No centro da região, a polícia demoliu a carcaça de uma sinagoga no ex-assentamento de Netzarim. A sinagoga foi uma das várias incendiadas por jovens palestinos que as vêem como símbolos odiados da ocupação.

O Parlamento de Israel realizou uma sessão especial para que alguns legisladores pudessem expressar sua fúria pelo destino das sinagogas, cuja demolição foi considerada por eles contraproducente para o futuro do processo de paz.

Os palestinos ficaram irritados pela decisão do governo israelense de manter as sinagogas intactas. O primeiro-ministro Ariel Sharon tomou essa medida por pressão de rabinos, cujo apoio pode ser essencial para ele na disputa com a direita pelo controle de seu partido, o Likud, antes das eleições gerais previstas para 2006.

Qurie disse que os palestinos manterão temporariamente os nomes dos antigos assentamentos, "até que cheguemos a um acordo para rebatizá-los".

O ministro palestino Ghassan Khatib disse que agricultores começaram também a reutilizar as estufas abandonadas pelos israelenses.

- Temos de começar a trabalhar para ajudar as pessoas a ganharem a vida - afirmou.

Israel abandonou os 21 assentamentos da Faixa de Gaza e quatro dos 120 da Cisjordânia, em agosto. Foi a primeira vez que o país cedeu aos palestinos assentamentos em territórios ocupados durante a guerra de 1967.

Sharon aproveitou a boa repercussão internacional da medida para ampliar o reconhecimento diplomático de Israel. Ele embarcou para Nova York, onde fará na quinta-feira um raro discurso na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e conversará com líderes mundiais, entre eles o norte-americano George W. Bush.

O premier israelense descarta a retomada do processo de independência dos palestinos, abandonado há cinco anos, até que a Autoridade Palestina desarme as facções militantes. Israel e os palestinos estabeleceram uma trégua em fevereiro.

Os palestinos comemoram a desocupação da Faixa de Gaza, mas temem que Sharon a use como pretexto para consolidar o domínio israelense na Cisjordânia, onde vivem 245 mil colonos e 2,4 milhões de árabes.

Outro fator que irrita os palestinos é o fato de Israel, por razões de segurança, manter o controle sobre as fronteiras, o espaço aéreo e o mar territorial da Faixa de Gaza.

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