A safra brasileira de algodão 2004/05 deve ficar no mesmo nível da anterior, ou até mesmo menor, devido à queda nos preços do produto nos últimos meses, afirmaram fontes do setor nesta quinta-feira.
O ânimo do produtor mudou muito desde o início do ano, quando a perspectiva era de outro plantio recorde. Nos últimos seis meses, os preços internacionais recuaram 24%, devido à expectativa de incremento da produção mundial, e os internos, 36%, pressionados pela oferta elevada.
- O preço está horrível. Há poucos contratos de exportação, e o produtor está buscando alternativas... embora também a soja esteja ruim - afirmou Décio Tocantins, diretor executivo da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).
O plantio do algodão está começando no Paraná e nos Estados do Sudeste. Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a maior parte da semeadura ocorre em dezembro.
A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) divulgou nesta quinta-feira uma previsão de 1,27 milhões de toneladas de algodão em pluma para a próxima safra, volume idêntico ao produzido este ano.
Tocantins considera otimista a projeção da Anea. Ele espera uma redução no plantio de algodão no Estado, que em 2004 colheu 582 mil toneladas de pluma.
Apesar da estagnação na produção, as exportações ainda devem apresentar aumento em 2005, segundo a Anea.
A expectativa é de 480 mil toneladas embarcadas no próximo ano, ante 325 mil em 2004. Já o consumo interno deve atingir 910 mil toneladas, frente a 870 mil este ano.
Muitos contratos para exportação foram fechados no fim do ano passado ou começo deste ano, quando os preços eram considerados remuneradores pelos produtores, segundo a Anea.
Mas a situação dos preços se reverteu e, nos últimos meses, o mercado acabou praticamente parado, disse o pesquisador do Cepea/Esalq, Lucilio Rogerio Aparecido Alves.