Aumentou nesta segunda-feira a pressão internacional por um cessar-fogo rápido no Líbano. A França afirmou que a suspensão temporária dos ataques aéreos realizados por Israel não era suficiente, e a Rússia defendeu uma paralisação imediata das hostilidades.
O governo israelense prometeu suspender seus ataques aéreos por 48 horas depois de uma ação, realizada no final de semana, ter matado ao menos 54 pessoas em um vilarejo do sul do Líbano. Mas o país afirmou que intensificaria sua investida contra a guerrilha Hezbollah até a chegada de uma força de paz à região.
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, conseguiu convencer Israel a paralisar os ataques aéreos depois de o mundo ter reagido com indignação à investida do final de semana, a mais mortal das três semanas de ofensiva israelense. Em Jerusalém, a secretária disse ser possível impor um cessar-fogo nesta semana.
A Rússia, que, como a França e os EUA, é membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse que a tragédia de domingo mostrava ser hora de interromper o conflito.
- É impossível aceitar a lógica e os argumentos dos que, sob vários pretextos, estão adiando (a declaração) de um cessar-fogo, especialmente em vista de a comunidade internacional estar perto de um consenso para resolver o conflito israelo-libanês - disse o Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
O primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, afirmou a repórteres, na segunda-feira, que a suspensão temporária dos ataques aéreos realizados por Israel era "um primeiro passo, mas um passo insuficiente em vista do que está em jogo agora".
A França, mencionada por diplomatas como o possível líder de uma força internacional de estabilização a ser enviada ao sul do Líbano, acredita que tal força só poderá ser estacionada ali depois de firmado um cessar-fogo e de estipulado um mapa claro sobre o futuro político do país árabe, disse o premiê.
Armadilha para força de paz
Se não for assim, os soldados estrangeiros se veriam impossibilitados de cumprir sua missão e estariam expostos, desnecessariamente, a riscos, afirmou Villepin.
- O objetivo (desses esforços) não é criar uma armadilha para nós mesmos, o que seria uma verdadeira tragédia para a comunidade internacional - disse.
- Agindo assim, arruinaríamos o processo internacional que estamos tentando colocar em marcha - disse.
A França fez circular um projeto de resolução da ONU a respeito de um cessar-fogo no Líbano, e o ministro francês das Relações Exteriores, Philippe Douste-Blazy, está no país árabe para participar de negociações.
O presidente da França, Jacques Chirac, afirmou que seu governo estudaria a possibilidade de desempenhar um papel de destaque em uma força para seu ex-protetorado, apesar de o país europeu não ter chegado a se declarar pronto para liderar a missão e nem afirmou quantos soldados enviaria até o sul do Líbano.
O analista francês para assuntos militares Jean-Louis Dufour disse que a França poderia enviar cerca de 5 mil soldados para o Líbano.
Segundo Villepin, a ausência de um cessar-fogo e de um acordo político estava brecando a ação da comunidade internacional, uma opinião compartilhada pela ministra de Defesa da Noruega, Anne-Grete Stroem-Erichsen.
- Como ponto de partida, a Noruega concorda com uma força do tipo desde que essa força receba um mandato e de que a missão possa ser realizada de forma eficiente - disse, em um comunicado.