Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

Policiais são acusados de espionagem em São Paulo

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Terça, 26 de Abril de 2005 às 07:17, por: CdB

Duas empresas paulistas de segurança privada, cujos sócios são policiais de departamentos de elite da Polícia Civil, estão sendo investigadas por suspeita de espionagem e investigação paralela por meio de escutas telefônicas sem autorização da Justiça.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, do Ministério Público Estadual e pela própria polícia de São Paulo, as empresas Spy Cops (policiais espiões) e Marte Vigilância e Segurança Patrimonial usam as escutas ilegais para atuar em investigações paralelas de crimes envolvendo seus clientes - como roubo e ameaça de seqüestro - e também em casos de espionagem.

As empresas também são suspeitas de fazer escutas, com minigravadores, usando espiões. Cada escuta telefônica custaria de R$ 3.500 a R$ 5.000 por semana.

Entre os clientes das duas empresas estão executivos de multinacionais, bancos, escritórios de advocacia, construtoras e juízes.

Em depoimento à Polícia Federal, o perito criminal Samuel Alves de Melo Neto, 39, e o papiloscopista João Charles Ferreira, 34, ambos do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), declararam que são sócios da Spy Cops, que seria responsável por elaborar laudo com as transcrições das gravações ilegais que seriam feitas pela Marte Vigilância e Segurança.

Segundo os depoimentos dos policiais, o responsável pela Marte é o investigador Cláudio da Silva Santos, que trabalha na Delegacia Geral de Polícia. Santos, porém, ainda não foi ouvido pela PF.

Em uma das filiais da Marte, na zona sul, a PF encontrou 11 fitas cassetes, 16 CDs, dois gravadores, uma máquina fotográfica, além de um equipamento de escuta. Alguns dos CDs apreendidos na sede da empresa pela PF são parte da investigação da Spy Cops sobre um assalto sofrido pelo diretor-superintendente de uma multinacional, no final de 2004.

A Spy Cops passou a investigar o caso a pedido da vítima, segundo o depoimento de Ferreira. Segundo ele, como algumas descobertas sobre os autores do crime poderiam comprometer a vida pessoal do executivo, este teria pedido a suspensão dos trabalhos.

No depoimento à PF, o perito e o papiloscopista afirmaram que a empresa fez escutas ilegais em pelo menos dois casos. O papiloscopista disse também que a Spy Cops foi contratada por um juiz de Campos do Jordão que pediu para investigar o seu filho.

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