Diminuíram os ataques promovidos pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), em São Paulo, desde a última sexta-feira. No entanto, novas ações supostamente praticadas pela facção criminosa foram registradas na madrugada desta quarta. Na guerra declarada à facção, policiais mataram suspeitos.
Por volta da 0h30, dois suspeitos foram mortos por policiais militares da Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota), depois de atirarem contra guardas municipais que faziam a segurança da prefeitura de Osasco, Grande São Paulo.
Cerca de três horas depois, policiais militares em patrulhamento surpreenderam um grupo que disparava tiros contra um prédio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) em São Miguel Paulista, Zona leste da cidade. Um dos suspeitos foi morto, e os outros conseguiram fugir.
Na Zona Norte, dois homens em uma moto atiraram contra um carro da Polícia Militar que fazia patrulhamento na região da Casa Verde. Os policiais revidaram, e o criminoso que estava na garupa da moto foi morto. O outro fugiu.
Na divisa de Itaquaquecetuba e Guarulhos, região metropolitana, três homens morreram após cerco realizado pela Polícia Militar. A corporação afirma que eles estavam armados e pretendiam fazer ataques na região.
Terça-feira
A Escola Municipal de Fundamental (Emef) Cândido Portinari, na rua Correia Melo, em Perus, Zona Norte da cidade, foi atacada com tiros e coquetéis molotov às 23h40 de terça-feira.
Segundo a Guarda Civil Metropolitana, seis homens com toucas ninja invadiram e tentaram arrombar a porta de entrada. Quando o vigia acendeu a luz para verificar o que estava acontecendo os criminosos dispararam oito tiros e jogaram um coquetel molotov, que não explodiu. Não houve feridos. Moradores teriam dito que os criminosos pertencem ao PCC.
No bairro de Campo Belo, Zona Sul, um homem foi preso com dois coquetéis molotov. Segundo investigador de plantão no 27º DP, ele havia recebido indulto de Dia das Mães.
Um suposto membro do PCC foi preso, no final da noite de terça-feira, com mais 4 mil papelotes de drogas, cocaína, crack e maconha, e cadernetas com anotações de armamento na favela do morro do Samba, em Diadema (Grande São Paulo).
Ataques
A onda de ataques, a maior já registrada contra forças de segurança do Estado, começou em resposta à decisão do governo estadual de isolar lideranças da facção criminosa. Na quinta-feira passada, 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau, 620 km a oeste de São Paulo, em uma tentativa de evitar a articulação de ações criminosas.
Por telefone celular, líderes da facção criminosa determinaram a presos e membros do PCC do lado de fora das cadeias que interrompessem a onda de violência.
Segundo o que a Folha apurou, o preso Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, foi um dos principais interlocutores do governo. Ele e outros líderes do PCC deram a ordem de cessar os atentados após acordo com o governo do Estado de São Paulo.
O governo do Estado nega o acordo, mas o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, admitiu, na terça-feira, que houve uma "conversa" entre o líder do PCC, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. Disse, porém, que não conhecia o teor do diálogo.
O secretário de Administração Penitenciária de São Paulo, Nagashi Furukawa, confirmou que a facção apresentou condições para pôr fim à série de ataques e que houve uma reunião entre representantes do governo e Marcola. Mas também negou acordo.
Balanço
De acordo com o último balanço oficial, divulgado pelo governo do Estado na terça, 251 ataques foram registrados em São Paulo desde sexta-feira. No total, 115 suspeitos foram presos e outros 71 foram mortos em supostos confrontos.
Ainda segundo o balanço parcial, as ações contra as forças de segurança causaram 44 mortes - 23 policiais militares, seis policiais