Polícia Federal quer a quebra de sigilo de 650 linhas telefônicas

De 500 foi para 650 o número de sigilos telefônicos que a Polícia Federal quer ter acesso para investigar a origem do dinheiro apreendido na operação de compra do dossiê da máfia das sanguessugas contra políticos tucanos.

No domingo, o delegado Diógenes Curado, da Polícia Federal de Cuiabá, decidiu pedir à Justiça a quebra dos sigilos de telefones fixos e móveis de 500 números. No entanto, nesta segunda-feira, o delegado optou por subir esse número para 650. São telefones que tiveram contato nos últimos meses com as pessoas envolvidas na compra do dossiê, entre elas Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha ao governo paulista do senador Aloizio Mercadante, do PT.

O objetivo é entregar os cadastros desses telefones para o departamento de inteligência da PF para que filtre os números considerados suspeitos. Assim, a polícia espera chegar a um rol pequeno de pessoas que podem ter ligação com o dinheiro do dossiê. Os 650 telefones se juntam a outros 70 sigilos que já chegaram à PF, entre eles o do próprio Lacerda.

Após selecionar os telefones suspeitos, a PF quer fazer, por exemplo, um cruzamento com os dados entregues pelo Banco Central sobre as operações de casas de câmbio suspeitas de ligação com US$ 110 mil dos US$ 248 mil apreendidos na negociação do dossiê. A polícia conseguiu rastrear parte do caminho desses dólares porque estão em série. O restante, US$ 138 mil, não está seriado e a polícia acha que será difícil rastreá-los.

Em reunião com integrantes da CPI das Sanguessugas nesta segunda, o delegado Diógenes Curado informou que boa parte do dinheiro apreendido, principalmente os reais, na compra do dossiê contra políticos do PSDB provavelmente é irregular, o que dificultará a identificação de sua origem.

- Ele explicou que não tem condições de detectar a origem de boa parte do dinheiro porque não é oficial, não tem contabilidade -, disse o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que participou da reunião.