Os senadores Renan Calheiros (PMDB/AL) e Pedro Simon (PMDB/RS) convidaram a senadora Heloísa Helena (PT/AL) para os quadros do PMDB após a decisão da Executiva Nacional do PT na reunião do próximo final de semana. Enquanto isso, a senadora avalia outro convite feito pessoalmente por Leonel Brizola.
A direção nacional do PT analisa o processo de expulsão da senadora alagoana e dos outros três radicais do partido - João Fontes (PT/SE), Babá (PT/PA) e Luciana Genro (PT/RS) - que votaram contra a reforma da Previdência.
Os dois senadores conversaram com Heloísa no plenário. Ao deixar a sessão irritada, o único comentário da parlamentar foi de que o convite não era para ser levado a sério. "Isso é brincadeira. Tenho mais o que fazer", disse. Em público, a senadora diz que ainda tem esperanças de não ser expulsa do PT, mas nos bastidores já reconhece que receberá como "presente de Natal" a punição sumária da direção do partido.
No próximo final de semana, a senadora não participa das sessões do plenário para garantir a tramitação da PEC paralela. "Ainda não consigo estar em dois lugares ao mesmo tempo", disse em tom de brincadeira aos jornalistas. Heloísa irá a São Paulo para fazer sua defesa no processo de expulsão.
Simon avaliou que não há conflito em aceitar a senadora - de origem trotskista - no quadro do partido, que ganhará um ou dois ministérios na reforma prevista para depois das reformas. Para ele, se Heloísa aceitasse o convite, o partido do presidente é que sairia perdendo. "Se ela vier, o PT se arrependerá muito", declarou. Simon disse que a entrada de um dos outros radicais depende de uma decisão do partido. "Estamos convidando uma colega nossa, mas acho que não tem problema".
Calheiros garantiu que o PMDB "ficaria muito honrado" se a senadora entrasse para o partido. "Temos que abrigar novos quadros, e ela seria uma conquista fundamental. Já fizemos o convite algumas vezes, mas refizemos hoje oficialmente, e queremos que ela dê uma reposta oficial também. Entendemos que seria bom para ela", afirmou.
O líder peemedebista avaliou que a entrada da dissidente no quadro do partido não prejudicaria o relacionamento com o governo porque o partido já deu provas de que quer garantir a governabilidade. "O PMDB votou na reforma da Previdência como nunca votou. Foram 90% dos votos", disse. "Não entramos no governo, estamos na governabilidade, trabalhando para humanizar as reformas. Nós podemos entrar no governo ou não. Só vamos entrar no governo se tivermos papel, se for para dividir responsabilidade e participar da definição de políticas públicas. Se não for para isso, não vemos razão para formalmente estar no governo".
A reunião da Executiva Nacional do PT onde será julgado o processo de expulsão da senadora Heloísa Helena e dos outros radicais do partido será no sábado. Todos serão julgados pelo Conselho de Ética do partido por terem votado contra a reforma da Previdência e por suas sucessivas críticas ao governo Lula.