PFL quer expulsão de deputado que votou contra mínimo de R$275

Arquivado em: Arquivo CDB
Publicado quinta-feira, 24 de junho de 2004 as 14:17, por: CdB

A Executiva do PFL recomendou nesta quinta-feira a expulsão do deputado Lael Varella (MG), que votou contra a orientação do partido nas duas passagens do salário mínimo pela Câmara.

A dissidência explica-se pela ligação política entre Varella e o vice-presidente José Alencar (PL) –um dos destinos partidários do deputado deve ser exatamente o PL.

Outros dois deputados pefelistas –Clovis Fecury (MA) e Cleuber Carneiro (MG)– também votaram contra o partido, mas o senador Demóstenes Torres (GO), relator da expulsão, recomendou o desligamento apenas de Varella por ele ter sido o único reincidente.

O PFL havia fechado questão pela aprovação de um salário mínimo de 275 reais, valor que foi derrotado por uma diferença de cem votos, restabelecendo os 260 reais determinados pelo governo.

Os deputados terão até 5 de agosto, data final da decisão, para apresentar suas defesas.

Não é a primeira vez que o partido expulsa um correligionário. No ano passado, a Executiva expulsou José Gratz, por envolvimento com o crime organizado no Espírito Santo.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou não temer uma redução de sua bancada na Câmara. “Ninguém é insubstituível. Não estou preocupado com ganho nem perda de parlamentares, mas com o cumprimento das diretrizes partidárias”, disse.

Diferentemente do PT, o PFL tem uma postura menos rígida em relação à orientação de seus parlamentares nas votações do Congresso. Não é incomum a bancada apresentar, repetidas vezes, dissidências.

Mas Bornhausen rebateu a comparação com o PT, que no ano passado expulsou a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados Luciana Genro (RS), João Batista, o Babá (PA), e João Fontes (SE) por votarem contra a orientação partidária na reforma da Previdência.

“Não existe isso. Dessa vez quem amoleceu foi o PT”, afirmou o senador, referindo-se aos nove votos petistas contrários ao governo na segunda votação do mínimo na Câmara, contra apenas cinco na primeira passagem.

O líder do PT na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (SP), disse após a votação na quarta-feira que o partido vai elaborar algum tipo de punição para os parlamentares rebeldes, mas não quis precisar qual seria. Ele se limitou a dizer que a punição será tomada até o final do ano.