Seis homens foram presos na tarde desta segunda-feira suspeitos de assassinar três fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho em Unaí, no Noroeste de Minas, em 28 de janeiro deste ano. A prisão foi resultado de uma operação realizada pela polícias Federal e Civil. Eles foram presos nas cidades de Unaí e Formosa e trazidos para a superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Nelson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratostenes de Almeida Gonçalves e Ailton Pereira de Oliveira foram assassinados durante uma emboscada, enquanto fiscalizavam denúncias de trabalho escravo em plantações de feijão na região noroeste de Minas Gerais. O objetivo era checar as condições de trabalho, remuneração e acomodação das pessoas arregimentadas para a colheita.
Três dos presos têm antecedentes por crimes de pistolagem e são suspeitos da execução; um quarto homem é acusado de agenciar; e outros dois, de contratar os pistoleiros. Segundo a PF, as mortes foram encomendadas por um produtor rural da região, em retaliação a multas trabalhistas aplicadas pelos auditores. O fazendeiro ainda não foi preso. Seu nome aparece em interceptações telefônicas feitas pela PF com autorização judicial, mas, até o fechamento desta edição, nenhum dos suspeitos formalizara o envolvimento dele.
Um dos suspeitos, Francisco Elder Pinheiro, 68 anos, segundo a PF, confessou a participação no crime. Também foram presos Erinaldo de Vasconcelos Silva, 41 anos; Rogério Alan Rocha Rios, de 24; e William Gomes de Miranda, de 22, que negaram participação direta na chacina. No domingo, os três apontados como executores foram presos em Formosa, Goiás e levados para Unaí. Cada um teria recebido R$ 29 mil pela "empreitada".
O suspeito de agenciar os criminosos foi preso na noite de ontem, e os supostos contratantes, no final da tarde. Eles seriam o comerciante Hugo Pimenta, conhecido como "Hugo Cerealista", e seu empregado José Carlos, o Zezinho.
Hugo seria o representante dos irmãos Mânica, os mais importantes produtores de feijão da América Latina, em um condomínio de Unaí, junto aos quais teria uma dívida de cerca de R$ 3 milhões, segundo o deputado estadual Rogério Correia (PT). Os condomínios foram a estratégia adotada pelos produtores da região, juntamente com a DRT, para tentar eliminar a figura do "gato" - pessoa que contrata trabalhadores rurais sem observar a lei.
As prisões já estavam na pauta dos trabalhos dos procuradores federais Miriam Lima, Adaílton Nascimento e Zani Cajueiro, que participavam das investigações. Há cerca de dois meses, o titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Minas, delegado Cláudio Dornelas, entrou nas investigações em Unaí. Os trabalhos foram compartilhados com o titular da 3ª Delegacia de Homicídios de BH, delegado Wagner Pinto de Souza, e equipe.