Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

PF prende Nuzman por suspeita de fraude na compra de votos em eleição olímpica

Arquivado em:
Quinta, 05 de Outubro de 2017 às 07:37, por: CdB

Além de Nuzman, o ex-diretor do COB e do Comitê Rio 2016 Leonardo Gryner também foi preso de forma temporária, acrescentou a PF em comunicado

Por Redação, com Reuters - do Rio de Janeiro:

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, em desdobramento de investigação sobre suspeita de compra de votos na eleição que escolheu o Rio de Janeiro como sede dos Jogos de 2016, informou a PF.

policia-4.jpg
Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, na sede da Polícia Federal, no Rio de Janeiro

Além de Nuzman, o ex-diretor do COB e do Comitê Rio 2016 Leonardo Gryner também foi preso de forma temporária; acrescentou a PF em comunicado.

– Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa – disse a Polícia Federal.

Nuzman, de 75 anos, já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão em sua casa no Rio de Janeiro e levado à PF; para prestar depoimento no início de setembro em operação deflagrada pela PF e o Ministério Público Federal em parceria com a Procuradoria francesa.

As autoridades dizem que Nuzman foi o “agente responsável” por viabilizar repasse de propina do grupo criminoso do ex-governador Sérgio Cabral; para a compra de votos de dirigentes africanos na eleição de 2009 do Comitê Olímpico Internacional (COI) para escolha da sede dos Jogos de 2016.

Investigações

Nuzman, que também foi o presidente do Comitê Rio 2016, teve bens bloqueados pela Justiça Federal; e fora proibido de sair do país até a conclusão das investigações da chamada operação Unfair Play; que resultou em bloqueio de ativos de suspeitos no total de 1 bilhão de reais.

Segundo a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, a organização criminosa liderada por Cabral; que está preso desde o ano passado no âmbito da Lava Jato; comprou o voto do então presidente da Federação Internacional de Atletismo (Iaaf), Lamine Diack, por US$ 2 milhões, apenas três dias antes da votação de 2009.

O dinheiro teve origem no esquema de corrupção e propina em contratos de empresas prestadoras de serviços com o governo do Rio de Janeiro; pelo qual Cabral recebeu mais de US$ 100 milhões em propina, de acordo com o MPF.

Nuzman, que é acusado de ter sido intermediário do pagamento, nega ter cometido irregularidade.

Rio

Em defesa por escrito entregue ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região; advogados do dirigente disseram que a candidatura do Rio sagrou-se vencedora “por mérito próprio”; e que Nuzman atuou apenas na qualidade de presidente do COB e no “estrito cumprimento de suas funções”; sem o cometimento de qualquer ilegalidade.

Apesar de as investigações terem apontado até o momento pagamento direto a apenas um então membro do COI; outros eleitores da votação olímpica podem ter sido influenciados ou até mesmo recebido recursos por parte de Diack para também votar na candidatura do Rio; de acordo com o MPF.

Segundo os procuradores, o senegalês Diack era muito influente entre membros africanos do COI; que costumam votar em grupo e seguir sua orientação, o que indica que outros votos podem ter sido manipulados em consequência do esquema de corrupção.

O Rio foi eleito sede dos Jogos Olímpicos em uma votação em que derrotou Chicago, Tóquio e Madri. Na votação final; contra a cidade espanhola, a candidatura carioca obteve um triunfo com margem folgada, 66 a 32 votos.

Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo