Responsável pela negociação entre a Petrobras e o governo boliviano recém-instalado, o executivo da multinacional brasileira José Fernando de Freitas apresentou nesta quarta-feira ao governo de Evo Morales os termos da sociedade com a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) para os novos investimentos brasileiros em energia naquele país. Participou da reunião o ministro boliviano de hidrocarbonetos, Andrés Soliz.
Segundo o ministro, a reunião foi "o início da reconstrução das relações da Bolívia com a Petrobras" que, segundo ele, tiveram um "baque" durante o governo de Gonzalo Sánchez de Lozada (1993-1997 e 2002-2003). A Petrobras tem planos de se associar à empresa boliviana em toda a cadeia produtiva do setor, diz o ministro. Freitas, porém, lembra que houve uma "retomada saudável do diálogo para garantir melhores condições e oportunidades" para as duas empresas. Soliz frisou, ainda, que considera aberta uma nova etapa de relações que recuperarão o espírito das ofertas de sociedade em partes iguais realizadas pela Petrobras em 1993.
Soliz referiu-se, no comentário, à decisão de Sánchez de Lozada, em seu primeiro governo, de elevar a participação da americana Enron na construção do gasoduto boliviano-brasileiro, em vez de firmar uma sociedade com a YPFB.
- Cerca de 40% do gasoduto passou às mãos da Enron sem que houvesse nenhum centavo na negociação. Isso é muito grave - disse, citando uma investigação do ex-delegado presidencial para a Capitalização, Juan Carlos Virreira, morto em 31 de agosto em um acidente de aviação.
Segundo Soliz, a Bolivia deve completar a formação de uma equipe técnica de primeiro nível para negociar com a Petrobras a aliança em novos projetos energéticos. Na reunião não se discutiu de forma pontual a oferta da empresa brasileira de fazer sociedades com a YPFB nas duas refinarias que controla no país, em Cochabamba e Santa Cruz, e que foram privatizadas em 1999.
A Bolívia exporta atualmente ao Brasil cerca de 23 milhões de metros cúbicos diários de gás e ambos os países têm planos de instalar uma planta petroquímica na zona fronteiriça.