O relatório parcial da CPI dos Correios, apresentado nesta quinta-feira pelo sub-relator de Fontes Financeiras, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sugere o indiciamento do empresário Marcos Valério de Souza e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e improbidade administrativa.
O documento foi recebido com protestos pelos governistas que o consideraram "parcial" por excluir dados relativos a empréstimos concedidos à campanha do PSDB durante as eleições de 1998.
- É um relatório realmente parcial. O esquema de Valério não começou em 2003 mas em 1998, conforme nós já constatamos na comissão. É estranho que o rastreamento das contas de Valério só tenha sido feito a partir de 2003 - afirmou a senadora Ideli Salvati (PT-SC).
A bancada do governo pediu vistas ao documento, o que abre prazo para que a sua votação no plenário da CPI ocorra dentro de cinco dias úteis, segundo o vice-presidente da CPI, deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA).
- Com isso, só deverá ser apreciado na sexta-feira da semana que vem, se houver quórum - disse Bentes.
Movimento bancário
O relatório de Fruet pouco acrescentou ao que a CPI já havia divulgado nos últimos dias. Com o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o tucano repetiu que dinheiro do Banco do Brasil alimentou o esquema montado por Valério com a utilização de suas empresas de publicidade. Segundo a CPI, Valério teria repassado ao PT R$ 10 milhões por meio do recebimento de um pagamento antecipado da Companhia Brasileira de Pagamentos (Visanet), administrada pelo Banco do Brasil, com a justificativa de serviços de publicidade que deveriam ser prestados pela DNA Propaganda, de propriedade do empresário.
O recurso teria chegado à legenda, conforme os relatores, por meio de um investimento feito no Banco de Minas Gerais (BMG) que foi usado para avalizar um empréstimo em nome de uma empresa ligada a Valério que nega a movimentação.
- Falta, agora, encontrar a origem dos demais 45 milhões de reais - diz Fruet, referindo-se ao total de R$ 55,4 milhões que teriam sido repassados ao PT.
Empréstimos
Conforme os levantamentos de Fruet, as operações de empréstimos efetuados por Valério junto aos bancos e posteriormente repassados ao PT são de "ficção".
- A natureza daquelas operações guarda apenas uma frágil relação com a aparência que se lhes tentou conferir. Francamente, não é de empréstimos que se trata - diz o documento.
As afirmações são feitas com base nas movimentações da SMPB e da DNA no bancos Rural e BMG. Além disso, Fruet afirma que a "inexistência de garantias reais para os empréstimos" também caracterizam a fragilidade dessa versão, considerando que há cláusulas no contrato de publicidade que proíbem, segundo Fruet, sua utilização como aval em operações financeiras.
A CPI, conforme o relatório, deverá concentrar sua atenção sobre os fundos de pensão, considerados pelo sub-relator como uma das "possíveis fontes" do recursos. Também estão sob suspeita recursos oriundos do exterior, contratos de publicidade com órgãos públicos e o caixa dos bancos BMG e Rural. Além destes, conforme já havia sido divulgado, serão foco de investigação a Telemig Celular e a Amazônia Celular, ambas do banqueiro Daniel Dantas, do Grupo Oportunity, e a Usiminas, que depositou recursos nas contas de Valério.
- Essa CPMI ainda tem muito pela frente. Não pode sucumbir à pressa em oferecer resultados e nem alimentar a pretensão de esgotar o assunto - diz o relatório de Fruet.
'Valerioduto'
Em entrevista a jornalistas, Serraglio afirmou que muitas outras pessoas deverão ser indiciadas ao término dos trabalhos da comissão, que foi prorrogada até abril do próximo ano. Nesse momento, segundo ele, o objetivo foi tentar rastrear a origem dos recursos do valerioduto. Serraglio afirmou que tanto se