Xingamentos, brincadeiras e apelidos. É assim que se revela a discriminação racial entre alunos de escolas públicas, segundo a pesquisa Cotidiano das Escolas: Entre Violências, divulgada no Fórum Mundial de Educação, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Os dados demonstram que 5% dos 9.744 alunos pesquisados nas escolas públicas urbanas estaduais e municipais de Salvador, Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Distrito Federal afirmaram ter sido vítimas de rejeição e discriminação por causa da cor da pele.
Esse percentual cresce para 13% quando os alunos se identificam como negros. Isso indica, segundo a pesquisa, que os negros são os que mais se destacam ao assumir que sofrem preconceito por causa da cor. Dos que se disseram pardos, cerca de 4% afirmaram ter sofrido discriminação racial.
Para a socióloga Miriam Abromavay, coordenadora da pesquisa, esse dado pode indicar gradações na aceitação do negro, conforme a cor da pele. Ela informou que o preconceito racial é manifestado de várias formas. A principal delas é o xingamento de cunho racista - 9% dos alunos revelaram terem sido xingados por causa de sua cor por outros colegas.
Esse percentual sobe para 22% quando a vítima do xingamento se diz negra e é de 6% entre os alunos que se auto-identificam como brancos. Miriam Abromavay disse ainda que o preconceito racial também apareceu sob a forma de apelidos e brincadeiras.
Outra constatação importante observada na pesquisa, de acordo com a socióloga, foi quando se associou raça e gênero.
- As alunas negras são vítimas de discriminação não somente em relação às colegas brancas, mas também em relação aos alunos negros. Elas são preteridas pelos garotos e se tornam alvos de humilhações e gozações - explica.