O Pentágono vai substituir a principal autoridade militar norte-americana no Iraque, mas fontes afirmaram na terça-feira que a troca nada tem a ver com o escândalo de maus-tratos de prisioneiros na prisão de Abu Ghraib.
Segundo fontes que não quiseram ser identificadas, o general George Casey, vice-chefe do Exército, é o principal candidato para substituir o tenente-general do Exército Ricardo Sanchez no posto, em junho ou julho.
"Não há ainda uma decisão final sobre a substituição, mas o general Casey é um grande candidato", disse uma fonte.
"Isso não tem absolutamente nada a ver com Abu Ghraib", disse outro oficial. "O secretário (da Defesa, Donald Rumsfeld) está consciente de que a percepção (de punição) pode surgir. Mas não é o caso."
Para a analista Loren Thompson, do Instituto Lexington, que é muito próxima ao Pentágono, é preciso ser "bem ingênuo para achar que os problemas de maus-tratos de detentos não tiveram impacto nessa decisão".
As fontes não deram nenhuma outra justificativa para a mudança, a não ser o fato de que Sanchez já está no Iraque há um ano, período tradicional de revezamento.
Sanchez depôs na semana passada diante de um comitê do Senado sobre o escândalo de Abu Ghraib, denunciado por fotos que mostram soldados norte-americanos sorridentes maltratando prisioneiros iraquianos encapuzados e nus.
O tenente-general assumiu a responsabilidade pelos abusos, porque eles aconteceram sob seu comando. Mas afirmou que não tinha conhecimento deles e que agiu rapidamente para investigar o caso quando ficou sabendo dos fatos.
Sanchez está sendo cotado para chefiar o Comando Sul dos EUA, em Miami, um posto que lhe daria o status de general de quatro estrelas.
O candidato a substituí-lo, Casey, já é general. Rumsfeld vinha avaliando há meses a possibilidade de levar um oficial com essa graduação para o Iraque. Um general de quatro estrelas seria responsável pela direção abrangente de operações militares, enquanto um general de três estrelas cuida das operações militares cotidianas.
A especialista Thompson ressaltou os problemas enfrentados por Sanchez no Iraque: "Uma estratégia falha, erros de inteligência, forças inadequadas em terra, fraco apoio doméstico e uma liderança política que parece ter várias prioridades maiores que derrotar os rebeldes."
"Esta não é uma receita para o sucesso. O general George Patton (o famoso comandante norte-americano na Segunda Guerra Mundial) ia ficar atrapalhado se tivesse que lidar com esse tipo de problema", afirmou ela.