Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Parlamentares cobram explicações a tesoureiro licenciado do PT

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Quinta, 21 de Julho de 2005 às 08:22, por: CdB

A decisão do tesoureiro licenciado o PT, Delúbio Soares, de assumir integralmente a responsabilidade pelos empréstimos não contabilizados feitos junto ao Banco de Minas Gerais (BMG) e Banco Rural, por meio do empresário mineiro Marcos Valério de Souza, e de invocar o direito constitucional de não responder a uma série de indagações irritou parlamentares da base do governo e da oposição que fazem parte da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios. O relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), no meio de sua argüição, afirmou que "é impossível uma pessoa mexer com milhões e milhões sem que ninguém soubesse de nada".

Delúbio Soares disse que os empréstimos não contabilizados na prestação de contas do PT somaram R$ 39 milhões. Osmar Serraglio afirmou as declarações do tesoureiro licenciado "não trouxeram nenhuma novidade as investigações". Acrescentou que as apurações da comissão acontecerão na medida em que se for avançando na análise dos documentos que já chegaram a CPMI, bem como nos que ainda estão por vir.

O senador Saturnino Braga (PT-RJ) cobrou de Delúbio Soares que ele relatasse, na comissão, os nomes das pessoas que teriam recebido o dinheiro dos empréstimos para saldar dívidas das eleições de 2002 e fazer caixa para a campanha de 2004. O tesoureiro licenciado alegou que "não queria cometer injustiças" e disse que as investigações das quebras de sigilos revelariam estes nomes. Delúbio Soares disse que os recursos foram enviados para candidatos do PT e de outros partidos da base aliada.

- Fale tudo. Todos sabem que não é a maior parte do PT, mas eu preciso desta declaração. Não sou nenhum santo, mas nunca fiz caixa dois. Que história é essa de que todo mundo faz? Uma ova. Isso contamina o partido e o governo como um todo - declarou o senador petista.

O líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), fez coro ao colega petista na cobrança da revelação das pessoas que receberam os recursos obtidos pelos empréstimos feitos por Marcos Valério. - Que ele diga a quem foi entregue o dinheiro sob pena de pairar uma permanente suspeita sobre o Congresso Nacional - disse Fernando Bezerra.

Uma última tentativa de fazer com que o ex-tesoureiro revelasse os nomes das pessoas que receberam dinheiro não contabilizado para campanha política coube ao deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP). - Nós não temos outra alternativa senão a busca da verdade. Me senti abatido (com o depoimento) mas esperançoso de que até o fim do depoimento possa se chegar a verdade. De certa forma, o patrimônio de toda a história do PT está em suas mãos - afirmou o parlamentar.

Diante dos dados já tabulados pelos técnicos da comissão sobre a quebra do sigilo bancário de contas do Banco Rural, José Eduardo Cardozo disse que a sensação dos membros da CPI é de que Marcos Valério de Souza não é apenas um empresário, mas um arrecadador de recursos para partidos políticos. Delúbio Soares não quis responder as indagações do parlamentar se pediu, como pessoa física ou como dirigente do PT, que Marcos Valério tomasse empréstimos bancários. Também se negou a responder se tinha autonomia para fazer tal pedido.

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