O deputado adiantou, ainda, que vai recorrer a todas as comissões da Câmara. Visa convocar os envolvidos da Lava Jato nessa relação com os EUA, para que prestem esclarecimentos. Segundo o parlamentar, essa relação ocorre para enfraquecer a estatal nacional do petróleo
Por Redação - de Brasília e Curitiba
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou a relação entre o juiz Sérgio Moro e a Procuradoria Geral da República (PGR) com o Departamento de Justiça dos EUA. Em pronunciamento no Plenário da Câmara dos Deputados, noite passada, o parlamentar gaúcho destacou que dois delatores da Operação Lava Jato firmaram contato com autoridades norte-americanas, por meio de contatos realizados pela PGR.
— A PGR oferece réus da Operação Lava Jato para colaborar com os EUA em ação contra a Petrobras. Isso é um crime de lesa-pátria — protestou Pimenta, ao repercutir a manchete desta quarta-feira, do Correio do Brasil.
O deputado adiantou, ainda, que vai recorrer a todas as comissões da Câmara. Visa convocar os envolvidos nessa relação com os EUA, para que prestem esclarecimentos. Segundo o parlamentar, essa relação ocorre para enfraquecer a estatal nacional do petróleo. Objetiva, também, “facilitar para que o governo golpista entregue a Petrobrás para as grandes petroleiras norte-americanas”.
Entreguista
Conforme noticiou o CdB, na véspera, o juiz Sergio Moro ouviu outros delatores contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O processo apura se o líder petista seria dono de um apartamento no Guarujá, no litoral de São Paulo. O depoente da vez foi o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O delator, no entanto, negou que tenha feito qualquer reunião com Lula para discutir ilegalidades. Costa afirmou que as únicas vezes em que viu Lula foram sempre na companhia do então presidente da Petrobras. E, no máximo, atualizou para ele informações sobre projetos de desenvolvimento nos Estados. Negou, ainda, qualquer pedido ou recebimento de vantagem indevida pelo ex-presidente da República.
Outro fato que chamou a atenção no depoimento foi que o apelido “Paulinho” que seria usado por Lula não passaria de invenção.
— Nunca tive intimidade com o presidente Lula. Não existe isso dele ter usado (esse apelido) diretamente. Nunca tive uma reunião sozinho com o presidente Lula. Se ele usava com outras pessoas, eu não sei — desmontou.
Confira vídeo com trecho do seu depoimento:
Costa, no depoimento, deixou o coordenador da Lava Jato em situação ainda mais complicada. Confirmou que, com auxílio da PGR e o conhecimento de Moro, um acordo de colaboração com a Justiça norte-americana. O objetivo dos EUA, no processo, é praticamente falir a Petrobras com multas astronômicas, embasadas nas ações onde a Petrobrás é ré, não vítima, no EUA.
Ele teria tido duas reuniões sobre este tema com autoridades dos Estados Unidos e do Brasil. A confirmação vai ao encontro das suspeitas apontadas pela defesa do ex-presidente Lula, conforme denunciou o CdB. A força-tarefa da Operação Lava Jato manteria colaboração, em caráter informal, com o governo dos Estados Unidos.
Em nota, a defesa de Lula afirmou que, mais uma vez, as testemunhas isentaram o ex-presidente Lula de qualquer vantagem indevida. Nesta segunda-feira, o ex-senador Delcídio Amaral depôs, em Curitiba, contra o ex-presidente Lula. Ele afirmou ao juiz Sergio Moro nunca ter tido nenhuma conversa com o ex-presidente a respeito de qualquer procedimento ilícito.
Leia a nota dos advogados, a seguir:
NOTA
Mais uma vez, as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Federal para a segunda audiência realizada hoje (23/11) na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba isentaram o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva em relação à acusação de recebimento de qualquer vantagem indevida por meio de um tríplex no Guarujá.
Foram ouvidos Pedro Corrêa, Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco. Todos negaram a realização de qualquer reunião com Lula em que ele tenha solicitado ou recebido vantagem indevida ou, ainda, qualquer relação entre Lula e o triplex do Guarujá.
No item 50 da denúncia, o MPF havia relatado que Pedro Corrêa e José Janene foram apresentar ao ex-Presidente reivindicações de novos cargos e valores que seriam usados em benefícios de campanhas políticas e que, na ocasião, Lula teria negado o pleito dizendo: “Vocês têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente. Paulinho tem me dito”.
Lula, segundo o MPF, teria dito ainda que “Paulinho tinha deixado o partido muito bem abastecido com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados”. No entanto, na audiência de hoje Paulo Roberto Costa afirmou peremptoriamente que jamais Lula o tratou por Paulinho, até porque seu relacionamento com o então presidente era institucional e nunca houve conversa sobre vantagem indevida.
No curso da audiência, além de não seguir o rito estabelecido na lei, como registrado pela defesa em petição, Moro ainda fez nova antecipação de juízo de valor – tentando transformar o exercício do direito de defesa em falta de argumentos -, o que motivou a reiteração da sua suspeição.