A Polícia Federal no Paraná ainda não começou a "fichar" cidadãos dos Estados Unidos que desembarcam nos aeroportos de Curitiba e Foz do Iguaçu ou entram no Brasil pelas pontes da Amizade (na divisa com o Paraguai) e Tancredo Neves (na divisa com a Argentina).
O superintendente interino da PF no Estado, delegado Ademir Gonçalves, disse nesta quinta-feira que "não há pessoal nem estrutura para o 'fichamento'".
- Tudo continua do mesmo jeito - disse Gonçalves à Agência Folha, referindo-se a uma entrevista dada no dia 2 deste mês, após a determinação do juiz federal Julier Sebastião da Silva, de Mato Grosso, começar a vigorar.
Na ocasião, o superintendente interino disse ter informado à direção geral, em Brasília, que o Paraná só poderia cumprir a ordem se recebesse pessoal e material para o "fichamento".
Segundo Gonçalves, em Foz do Iguaçu --que fica na Tríplice Fronteira e é ponto de maior afluência de turistas estrangeiros que visitam as cataratas do Iguaçu--, só há um papiloscopista (policial especializado na coleta de impressões digitais) para todo o serviço da delegacia.
Falta de agentes
Ainda segundo ele, hoje há apenas um terço do número de agentes que havia há dez anos na delegacia de Foz.
- [Ordem judicial] a gente cumpre quando tem [gente e material]. O juiz vai me prender porque eu não tenho condições de fazer [o 'fichamento'] - disse Gonçalves, em resposta à pergunta da reportagem sobre se a PF do Paraná não estava preocupada com possíveis punições por descumprir ordem judicial.
Ele não revelou o número de agentes lotados na unidade alegando questões de segurança. A superintendência da PF estima que de 20 a 30 norte-americanos possam estar entrando por dia em Foz sem serem importunados pela polícia brasileira.
O superintendente explicou que a apresentação de estrangeiros nas guaritas das pontes que ligam o Brasil ao Paraguai e à Argentina é espontânea e que, sem reforço na estrutura, não há como mudar a regra.
- Se um norte-americano quiser entrar e ficar circulando em Foz sem ser importunado pela imigração, não tenho como evitar porque não há estrutura operacional - disse.
Curitiba tem um vôo internacional diário, que decola de Buenos Aires. Foz tem cinco, dois de Assunção e três de Buenos Aires. Turistas estrangeiros se apresentam ao serviço de imigração pela primeira vez nessas cidades quando elas são ponto de destino do passageiro, mesmo que o vôo já tenha sido "nacionalizado" (tocou o solo brasileiro pela primeira vez) em São Paulo, segundo Gonçalves.
A assessoria de imprensa da PF, em Brasília, informou que resolvidos os problemas operacionais de "fichamento" nos aeroportos de São Paulo e Rio passa a se ocupar das carências dos demais. Por se tratar de ponto turístico e de fronteira, Foz terá prioridade na segunda fase, segundo o departamento.